“Amigo, prestativo e acima de qualquer suspeita”. Assim é descrito o servidor público do Tribunal de Justiça (TJRJ) Felipe Tobler Lemgruber, segundo vítimas do golpe que envolveu amigos de trabalho, advogados e ex-alunos. O caso veio à tona há cerca de duas semanas e foi denunciado, inicialmente, por funcionários do Fórum de Barra do Piraí.

As vítimas teriam acreditado na promessa de Lemgruber, com a proposta de investimento que garantia retorno rápido e com possibilidade de ganhos elevados. “Ele mostrava prints e ainda se gabava por estar em primeiro lugar nos ganhos da plataforma e que tinha contato direto com o gerente. Afirmava que poderia ganhar de 70% a 80% do valor que foi investido. Acima de qualquer suspeita, eu acreditei e cheguei a investir R$ 250 mil. Consegui ter retorno do dinheiro, sem o mesmo prejuízo de muitos, mas acredito que mais de 100 pessoas confiaram no Felipe”, disse um homem que era amigo do servidor.

Um ex-aluno de Felipe Lemgruber, que preferiu não ser identificado, contou à Folha do Aço que os investidores acreditaram nos planos de investimentos em “trading esportivo” apresentados por ele. O modus operandi adotado pelo servidor também ajudou a dar a falsa confiança na segurança do negócio.”Todos gostavam muito dele. O cargo que ocupava e a confiança que todos tinham nele ajudaram a convencer. Era fora de suspeita. Para dar credibilidade ao golpe dele, mandava prints dizendo ser o segundo no ranking da plataforma. Eu tive o prejuízo de R$ 15 mil, mas há casos de gente que está passando por dificuldades, de passar fome mesmo, pela falta do dinheiro”, explicou o ex-aluno.

Segundo informações repassadas por diversas vítimas, até o momento foram ajuizadas 12 ações que somadas chegam ao valor de mais de R$ 2,5 milhões, mas o valor pode chegar a mais de R$ 25 milhões. “Ele ‘limpou’ a grana de muita gente. Temos informações de que pessoas que ele convenceu fizeram empréstimo no banco, outros limparam todas as economias. Eu fiquei com um prejuízo de R$ 60 mil e a maioria dos valores eram altos. Eu sei que ele conseguiu convencer de traficante a juiz”, revela um agora ex-amigo de Felipe Lemgruber. O servidor do Fórum de Barra do Piraí teria iniciado os investimentos em “trading esportivo” em 2018 e a partir daí iniciou a apresentação da proposta a amigos com garantia de retorno rápido.

“Conversei com outras pessoas e o discurso é o mesmo, ele só muda o valor. Comigo no início, ele até devolveu valores. Agora ninguém mais consegue contato com o Felipe, que não atende as ligações. Uma advogada dele procurou algumas pessoas em uma tentativa de acordo e garantindo que o Felipe iniciaria os pagamentos. Eu acho que ele está ganhando tempo”, disse uma das vítimas.

Há aqueles que tentam ter esperança de ter o valor de volta, apesar da falta de contato e respostas por parte do servidor. “Eu, como vítima, torço que sim, mas existe uma grande chance de ele não pagar ninguém. Faz um mês que não responde mais minhas ligações ou mensagens e quando me atendeu, parecia que estava me fazendo um favor. E mais, pelo tom de voz, parecia que estava coberto de razão”, relata um ex-aluno.

Sabe-se, de concreto, que Felipe Lemgruber está foragido e que já constitui advogados para intermediar um possível acordo com as vítimas. Nenhuma das vítimas ouvidas pela Folha do Aço resgatou qualquer valor até o momento. Enquanto isso, o caso é investigado pela 88ª Delegacia de Polícia, na cidade de Barra do Piraí. “Está em andamento e sob segredo de Justiça”, informou a assessoria de imprensa do órgão, sem dar mais detalhes.

Nota

O jornal Folha do Aço procurou a advogada que representa o servidor, que preferiu aguardar o andamento do processo para manifestação quanto ao caso.

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