Na terça-feira (dia 26), o comitê consultivo da FDA, a agência regulatória dos Estados Unidos, validou a segurança e a eficácia do uso da vacina da Pfizer em  crianças de 5 a 11 anos. O sim do grupo formado por especialistas americanos de diversas especialidades médicas, abre caminho para o aval definitivo da agência, que deverá acontecer nos próximos dias. E, com isso, como de praxe, provoca efeito em cascata, levando diversos países a dar início à vacinação nesta faixa etária em breve.

Para infectologistas e pediatras, a extensão da imunização abaixo dos 12 anos é uma notícia extraordinária. Crianças e adolescentes correspondem a 32% da população mundial e um quarto da população do Brasil. Só os pequenos representam 8,5% dos brasileiros. Assim, é difícil pensar em proteção coletiva se esse grupo ficar de fora.

Embora elas não adoeçam como os adultos, as hospitalizações e mortes são uma realidade para milhares. No Brasil, crianças e adolescentes respondem por menos de 2% das hospitalizações e 0,35% do total de óbitos por Covid. Pode parecer pouco, mas não é, como reforça Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.

“Não podemos cair na armadilha de pensar que é pouca coisa porque, em um universo de 600 mil óbitos, são mais de 2.400 crianças e adolescentes mortos. É mais do que todas as mortes causadas por doenças preveníveis por vacinação, como gripe, hepatite, coqueluche, diarreia, febre amarela e tantas outras, que não somam mil mortos”, alerta o médico que destaca outros riscos: “A Covid longa na população pediátrica é uma questão. Cerca de 15% mantem sintomas por cinco semanas, como perda de olfato, cefaleia, distúrbios de concentração e de sono, além da síndrome inflamatória multissistêmica, com letalidade de 7%. São complicações importantes”.

Mas por pertencerem a um grupo com menos riscos à doença, os efeitos colaterais das vacinas ganham um peso maior entre eles. Por isso, é preciso dados ainda mais robustos de segurança e eficácia, algo que as farmacêuticas vêm apresentando rapidamente. Depois da Pfizer mostrar 90,7% de eficácia contra hospitalizações e mortes, a Moderna anunciou anteontem “uma forte resposta imunológica (…) um mês depois da segunda dose e um perfil de segurança favorável com meia dose de sua vacina para a faixa dos 6 a 11.

A estratégia para os pequenos, no entanto, é diferenciada. Em geral, quanto menor a idade, melhor a resposta para as vacinas, porque o sistema imune é mais forte. É como se fosse um carro novo. Diante disso, as vacinas são adaptadas para serem menos concentradas, mantendo o regime de duas doses. A Pfizer mostrou que, para a faixa de 5 a 12 anos, com um terço da dose, a proteção obtida é a mesma da dose plena dos adultos. Até o momento não há registro de problemas com segurança e os efeitos colaterais são semelhantes aos das outras faixas etárias.

Com informações do Portal IG

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