Marlene Pessanha, Fábio Pessanha  e Gláucio Miranda, o “Mano”. Os três são, respectivamente, mãe, irmão e marido da professora Keith Peçanha, moradora do bairro Três Poços, e fazem parte das mais de 1.268 vítimas fatais de Covid-19 registradas em Volta Redonda até quinta-feira (dia 11), segundo números da secretaria municipal de Saúde.

Assim como Keith, que diariamente tenta superar a partida precoce de familiares, centenas de pessoas, nos quatro cantos do mundo, tiveram a vida transformada. São pais, mães e filhos que, muitas vezes, proviam seus lares.

“É uma dor devastadora. Perdi três pessoas em 30 dias e fiquei sem chão. Graças a Deus, tive forças para respirar e seguir em frente, mas é uma dor que nunca passa”, afirma Keith.

Todavia, a dor também pode ser transformada em força. É o que tem buscado fazer a professora, que agora luta para ajudar outras famílias que passaram pela perda.

“Encontrei apoio em um grupo de viúvas do Rio de Janeiro que se juntaram para prestar apoio e solidariedade neste momento de dor. Estamos discutindo movimentos que chamem atenção do poder público para a importância de ações que amparem essas famílias, muitas abaladas demais pela perda para conseguirem se reerguer”, explicou Keith.

Diversos municípios e estados, diante da pandemia, criaram programas para atendimento e amparo às famílias das vítimas, que poderiam ter acesso mais rápido e fácil a um atendimento psicológico e acompanhamento de assistentes sociais. A moradora de Três Poços então procurou um vereador da cidade para saber se havia alguma iniciativa que contemplasse essas famílias. Além da resposta negativa do parlamentar, Keith ouviu que eram muitas as famílias para que o governo municipal prestasse algum tipo de apoio.

“São mais de 1.200 famílias de volta-redondenses que sofreram essa perda, mas nem todos precisam desse amparo, que não seria apenas financeiro, mas principalmente psicológico. Minha proposta era que o vereador levasse isso à Câmara para discussão, mas, infelizmente, não houve interesse”, explicou.

Luta

A falta de apoio não desanimou Keith Peçanha, que permanece buscando aqueles que possam ajudar em sua iniciativa. “Em diversos municípios, há programas para amparar os parentes. Volta Redonda é uma cidade que tem estrutura para implantar este atendimento, não são todos que precisam. Mas, enquanto isso não for uma prioridade dos nossos 21 vereadores e do governo municipal, infelizmente não vai sair do papel”, afirma.

Para aqueles que quiserem participar do movimento e ajudar na iniciativa, há um grupo no Facebook que reúne, em sua maioria, mulheres que perderam seus maridos para a doença. As “Viúvas da Covid 19”, como foi denominado, reúne mais de 840 pessoas que se uniram para manter viva a memória daqueles que amam e buscar ajuda para as famílias.

Programa de Reabilitação

O município recentemente teve aprovado um projeto de lei criando o Programa de Reabilitação da Covid-19. De autoria do vereador Walmir Vitor (PT), o texto prevê que o Poder Executivo firme parcerias públicas e privadas, na área da saúde, para implementar e desenvolver medidas para reabilitação de pacientes da cidade pós-covid.

As pessoas receberão orientação sobre cuidados em casa, com acompanhamento especializado à distância, fornecido pelo Município. Além de assistência especializada, como fisioterapia respiratória e motora, fonoaudiologia, enfermagem, clínica médica, pneumologia, reumatologia, psicologia, psiquiatria e assistência social.

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