À medida que o crescimento no número de pessoas imunizadas para covid-19 provoca uma natural sensação de tranquilidade à população, autoridades de saúde brasileiras permanecem em estado de atenção com outras doenças virais. O Ministério da Saúde emitiu alerta para o aumento no Brasil de 113,7% nos casos prováveis de dengue até abril deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Até o dia 2, foram registrados 542.038 casos prováveis, praticamente o mesmo número registrado em todo ano de 2021, com 544 mil.

Em Volta Redonda, a Prefeitura alerta quanto à escalada do número de casos, atualmente em uma categoria classificada como risco médio. O Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), realizado entre os dias 3 e 9 de abril, foi de 3,3%, pela Vigilância Ambiental do município mostra que cidade tem índice de 3,3% de infestação do mosquito. Há ainda cinco regiões da cidade em que há risco alto, com mais de 3,9% e 10 casos confirmados da doença até o momento.

Dados de cidades da região também apontam aumento de casos. Segundo a secretaria Estadual de Saúde, Itatiaia, Quatis, Resende e Valença já têm mais casos registrados esse ano do que em todo no ano passado, comparando dados da 1ª à 16ª semana epidemiológica.

Na contramão, Barra Mansa registrou redução no primeiro quadrimestre de 2022. São 38 casos suspeitos e sete confirmados. Em 2021, foram notificados 777 casos para 377 confirmações, segundo o Setor de Epidemiologia.

Para o médico infectologista Luiz Henrique Conde Sangenis, professor coordenador da disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), a pandemia é um fator que pode ter agravado a situação.

“Com a pandemia da Covid, a chegada da Ômicron no início do ano, ações de controle do Aedes aegypti efetuada por estados e municípios podem ter sido afetadas. Já há alguns meses vínhamos observando o aumento da população do mosquito em várias cidades do Rio de Janeiro. A explosão de casos era só uma questão de tempo, particularmente nas áreas que registraram período chuvoso mais intenso, Tocantins, Goiás, DF, parte de São Paulo e Sul do Brasil”, disse.

O especialista destaca outros fatores que levaram ao período epidêmico da dengue no Brasil. “A doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se multiplica intensamente nos períodos quentes e chuvosos. Alguns fatores podem explicar essa epidemia atual, como o verão bastante chuvoso em diversas regiões, principalmente no Sudeste, parte do Centro-Oeste, Nordeste e Norte do Brasil e agora no outono as chuvas também aumentaram no Sul do Brasil. Com isso, aumentam as condições ideais para proliferação do mosquito”, explicou Luiz Henrique, que é Mestre e Doutor em Doenças Infecciosas e Parasitárias.

Tipos

No Brasil, já circulam os quatro tipos virais da dengue e a infecção por um tipo não confere imunidade para outro. “O tipo 4 foi reintroduzido na última década e provocou epidemias no Norte do Brasil, Rio, São Paulo, Nordeste e agora está se expandindo para a região Centro-Oeste e Sul”, comentou Luiz Henrique.

O infectologista destaca alguns cuidados que a população deve ter, já que, segundo dados da Vigilância Ambiental de Volta Redonda, cerca de 50% dos criadouros identificados estão nos chamados “depósitos móveis”, que são pratos de plantas e bebedouros de animais. Latas, sucatas e entulhos correspondem a 21% e depósitos de água ao nível do solo como latões e tonéis tem 9,1%. Os demais são compostos por pneus (8,6%); calhas, piscinas, ralos (7,5%); depósitos naturais (bromélias e buracos de árvores), com 2,7%; e reservatórios de água elevados (caixas d’ água) – 1,1%.

– O Aedes aegypti coloca os ovos na água parada, até mesmo em pequenas coleções, como copinhos descartáveis de água e café jogados de forma inadequada no chão.

– Evitar acumular água parada dentro de casa. Colocar areia nos pratinhos de vasos de planta, limpar as calhas de chuvas do telhado, retirando folhas que impedem a drenagem adequada da água, não deixar piscinas, tanques com água parada, tampar adequadamente as caixas d’água, colocar garrafas e recipientes viradas com a boca para baixo, trocar a água dos bebedouros de animais e limpar os potes com esponja e sabão, armazenar o lixo em sacos bem fechados e não deixar o lixo na rua, levar apenas no dia da coleta.

Sintomas de dengue

Febre moderada a alta de início súbito, dor de cabeça, principalmente atrás dos olhos, dor no corpo, cansaço, enjôos e vômitos. Podendo ter também manchas vermelhas na pele em 1/3 dos casos.

Diagnóstico

Qualquer sinal de febre, dor de cabeça, dores no corpo deve-se procurar a unidade de saúde mais próxima para exame médico, estadiamento da gravidade e testes sorológicos para confirmação da doença. O tratamento de dengue deverá ser feito com analgésicos e antitérmicos, como a Dipirona e o Paracetamol, devendo-se evitar antiinflamatórios e derivados do Ácido Acetil Salicílico pelo risco de desencadear sangramentos, importante tomar bastante líquido e repouso.

Casos leves podem ser tratados em casa com medicação e hidratação oral e casos mais graves podem necessitar de internação para hidratação venosa. Por isso, é de fundamental importância a avaliação médica para avaliar a gravidade e o tratamento mais adequado para cada caso.

Foto: Divulgação

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