O número de ocorrências referentes à violência contra pessoas LGBTI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexos e demais variações Biológicas de Sexo, Identidades de Gênero e Orientações Sexuais não hegemônicas) na região cresceu quase 29% em um ano. É o que mostram os dados divulgados pelo Coletivo Volta Redonda Sem Homofobia, através do relatório “Mapeamento da Violência contra população LGBTI+ no Sul Fluminense”. Os números foram analisados no período de 1º de janeiro de 2021 a 30 de abril de 2022, quando foram registradas 34 ocorrências contra este grupo. O resultado é mais de três vezes maior que no ano de 2020, que teve 10 registros no total.

Segundo o Coletivo Volta Redonda Sem Homofobia, o objetivo do levantamento é evidenciar as diferentes questões que envolvem a violência e os processos de violação que essas pessoas sofrem cotidianamente “por fugirem de um padrão socialmente imposto e referenciado a partir da heteronormatividade e cisnormatividade”. Ainda de acordo com o grupo, é provável que os números reais sejam bem superiores caso sincronizados com unidades de saúde, órgãos de segurança e outros.

Um outro dado relevante apresentado no estudo refere-se à faixa etária das vítimas. Segundo o levantamento, indivíduos de 20 a 34 anos de idade fazem parte do maior público afetado, acumulando 42,4% das ocorrências. Os dados mostram ainda que 41,2% das vítimas eram pretas ou pardas e outras 32,4% brancas.

Entre as ocorrências no período de apuração, foram identificados 19 homicídios (55,9%), sete agressões físicas (20,6%), cinco agressões verbais (14,7%) e três ocorrências ainda sem informação (8,8%). “As ocorrências com vítimas fatais vem crescendo nos últimos anos em nossa região, destaca-se principalmente nos anos de 2020 e 2021 que, mesmo com o isolamento social devido a pandemia mundial da Covid-19, foram os anos mais violentos da história”, diz o comunicado.

Já com relação às tipificações mais registradas, foram cinco (35,7%) por espancamentos, três (21,4%) por arma de fogo, duas (14,3%) mortes, e outras três ocorrências em sigilo policial. O local da morte também é um dos pontos relevantes do relatório: 60,82% aconteceram em espaços públicos como praças, ruas, vielas, terrenos abandonados, entre outros espaços; e 18,2% em ambientes privados como hotéis, casas, comércios de terceiros.

Observa-se, ainda, que homens gays são as maiores vítimas das ocorrências (71,4%), seguidos pelo público de travestis e transexuais (17,9%). Em um ranking regional dos municípios que mais acumularam ocorrências, o município de Volta Redonda (50,0%) continua sendo o mais violento do Sul Fluminense. Resende ocupa o segundo lugar, com 23,5% das ocorrências.

Em pesquisa desenvolvida pelo Coletivo Volta Redonda Sem Homofobia, 54,7% dos 867 entrevistados disseram não se sentirem seguros nos espaços públicos de entretenimentos de suas cidades e 65,4% afirmaram já terem sofrido algum tipo de violência homotransfobia. Observa-se que dos que sofreram esse tipo de violação, apenas 2,6% procuraram os serviços públicos de assistência ou segurança para acolhimento e registro de ocorrência. Quando questionados sobre serviços ou políticas públicas destinadas ao atendimento da população LGBTI+ do seu município, 61,7% dizem não ter conhecimento e 19,7% afirmam não haver nenhuma ação efetiva.

Questionados se quando necessitam de algum serviço público se sentem acolhidos, 53,6% dos entrevistados disseram que não se sentem acolhidos e 29,1% preferiram não responder. “O Volta Redonda Sem Homofobia vem fazendo um incansável trabalho de levantamento de dados para que com esses dados possamos ter base formal para continuar cobrando do poder público ações efetivas contra a violência e discriminação em relação a população LGBTI+ no Sul Fluminense”, argumenta o grupo no relatório divulgado à imprensa.

Imagem: Ilustração/Reprodução

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