A ex-advogada Jorgina Maria de Freitas, 71 anos, morreu na terça-feira (dia 19), no Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. Ela estava internada desde dezembro do ano passado, quando sofreu um acidente de carro.

Jorgina foi responsável pelo que é apontado como a maior fraude ocorrida no Brasil contra a Previdência Social. Com o recurso obtido de forma irregular, a ex-advogada investiu parte do dinheiro em imóveis, vários deles no município de Volta Redonda.

Conforme ações ajuizadas pela Advocacia-Geral da União (AGU), 11 salas comerciais pertencentes a ex-advogada foram a leilão. Os imóveis, em sua maior parte, ficavam no edifício Maria Yabrudi, no bairro Aterrado.

Confirmação

A informação da morte foi confirmada pela prefeitura do município fluminense. “A direção do hospital relata que durante o período de internação na unidade, a paciente se manteve em estado grave de saúde, traqueostomizada e com pouca resposta a estímulos sensitivos”, informou a Prefeitura, por meio de nota.

De acordo com a direção do hospital, a ex-advogada apresentou hipotensão e bradicardia, evoluindo para Parada Cardiorrespiratória, “tendo sido realizado todos os procedimentos, protocolos e medicações, porém sem sucesso, sendo constatado o óbito às 13h30min do mesmo dia”. O corpo foi encaminhado para o IML, por se tratar de vítima de acidente de trânsito.

Esquema

Conhecido como “escândalo da Previdência”, o esquema com participação de Jorgina de Freitas desviava verbas de aposentadoria. O total da fraude foi inicialmente estimado em R$ 550 milhões (mais de 50% de toda a arrecadação do INSS à época), mas posteriormente foi reavaliado em R$ 1,2 bilhão e, por fim, a Advocacia-Geral da União afirmou que a fraude foi da ordem de aproximadamente R$ 2 bilhões.

Jorgina foi condenada a 14 anos de prisão em 1992. Apesar disso, só começou a cumprir a pena cinco anos depois. Entre 1988 e 1990, ela foi cúmplice de um bando que desviou mais de R$ 1,2 bilhão dos cofres da Previdência, usando até nomes de pessoas mortas.

Os criminosos forjaram centenas de processos de indenização milionários. A rede de corrupção começou a ser desmontada em março de 1991, quando uma investigação interna do INSS descobriu como haviam sido desviados inicialmente R$ 90 milhões, supostamente pagos ao motorista de empilhadeira Alaíde Fernandes Ximenes.

Jorgina foi condenada em julho de 1992. O esquema fraudulento envolvia diversas autoridades, advogados, procuradores do INSS e juízes no Rio de Janeiro. Logo depois da condenação, ela fugiu para o exterior, fazendo escalas no Paraguai e nos Estados Unidos até 1994, quando resolveu permanecer na Costa Rica, para onde havia viajado em segredo.

A ex-advogada se entregou às autoridades da Costa Rica em 1997, sendo depois repatriada. Nesse período, submeteu-se a diversas cirurgias plásticas e teve o registro profissional cassado pela OAB em 2001. Parte do dinheiro desviado para outros países foi recuperado.

Jorgina ficou presa em regime fechado no Instituto Penal Talavera Bruce. Em janeiro de 2007 foi transferida para outro presídio, também no Rio de Janeiro, onde passou a cumprir a pena em regime semiaberto.

Em maio de 2010, quando mais de R$ 69 milhões subtraídos haviam sido devolvidos, Jorgina foi condenada a devolver R$ 200 milhões, extensível também ao contador Carlos Alberto Mello. Em junho de 2010, uma sentença declarou extinta a pena e Jorgina foi solta depois de 14 anos presa.

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