O orçamento de Volta Redonda para este ano está estimado em R$ 1,5 bilhão. Receita que garante ao município a permanência com folga na liderança do ranking de arrecadação entre as prefeituras da região.
Do valor da receita, 15% no mínimo deve ser aplicado na saúde, conforme estabelece a Lei Complementar 141/2012. A legislação considera como gasto no setor a compra e distribuição de medicamentos e investimentos na gestão do sistema, por exemplo.
Neste caso, o prefeito Neto (sem partido) tem garantido ao menos R$ 225 milhões exclusivos para as despesas da secretaria de Saúde, o que não inclui folha salarial e manutenção dos hospitais. Porém, a lei orçamentária aprovada pela Câmara de Vereadores prevê um repasse ainda maior, da ordem de R$ 334 milhões.
Como dinheiro nem sempre é sinônimo de felicidade, muito menos de boa gestão, o orçamento robusto não reflete na melhoria da qualidade do serviço ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Volta Redonda. Nas redes sociais, pacientes têm expressado frustração. As críticas vão da falta de acesso a médicos especialistas até a escassez de remédios essenciais.
Os relatos destacam uma crise crescente que afeta negativamente a vida das pessoas e expõe a falta de confiança no sistema de saúde local. “Precisa [a Prefeitura] colocar mais médicos. Minha irmã está na fila para um neurologista. Ela necessita de uma consulta, pois o problema é complexo. Entrou numa fila com mais de mil pessoas. Muito triste ver as pessoas sofrendo dessa maneira”, expôs uma internauta no comentário de uma postagem publicada no Facebook do prefeito Neto.
Em outra postagem, uma contribuinte também apontou a falta de especialistas na rede. “Neto, meus encaminhados para especialistas estão agarrados no posto de saúde do Santo Agostinho desde junho de 2022. Oftalmologista, estou sem óculos há 1 ano, gastro, ortopedista, ressonância da coluna e cirurgia dermatológica. Depois de um ano, estou precisando de proctologista, cardiologista. Saúde é o nosso bem maior. Como cuidar desse jeito? Uma das promessas de campanha era acabar com as filas para especialistas”, cobrou.
Uma das reclamações constantes também passa pela falta de pediatras em outros pontos da cidade, hoje concentrando todo atendimento emergencial no Hospital do Retiro. “Por favor, volte com pediatras na UPA, senhor prefeito, no Retiro há uma superlotação, não está dando certo, não é justo com nossas crianças”, sugeriu uma seguidora. “Precisamos de pediatra. Está tão difícil chegar ao Hospital do Retiro de ônibus com criança passando mal, é uma viagem”, expôs outra internauta.
Demora de exames
As solicitações também passam pela demora na entrega de resultados de exames, como apontou um comentário no Facebook. “E a Saúde está precária em Volta Redonda, tem paciente esperando consulta para resposta de um exame de Biópsia de mama há três meses, sendo que o exame já está na Policlínica da Mulher e não consegue agendar uma consulta. Um absurdo isso, esses tipos de exames são prioridades”, disparou.
Se o prefeito Neto quiser ter acesso a todas as demandas, é só passar a conferir às suas redes sociais, é um bom termômetro para medir a insatisfação dos usuários do SUS em Volta Redonda.