Na quinta-feira (dia 22), o Sindicato dos Metalúrgicos publicou um boletim informativo com a sua posição referente às críticas pela demora na assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023/2024 da CSN. A entidade afirma que após a apuração dos votos da assembleia de segunda (dia 19), a diretoria de Recursos Humanos da empresa entregou duas cópias dos acordos com alterações “que prejudicariam os trabalhadores”.
Segundo a versão do Sindicato, uma das cópias se referia ao Acordo e a outra sobre o abono/PPR. Ambas deveriam ser assinadas pelo Sindicato, com prazo de devolução de até 12 horas, “sob ameaça de não garantir os benefícios na folha de junho”. O texto do informativo destaca que o presidente Edimar Miguel e sua assessoria jurídica “leram ponto a ponto as cláusulas dos dois acordos e verificou-se que houve alterações em ambos que prejudicávamos trabalhadores”.
De acordo com o SindMetal, as alterações foram comunicadas ao RH da empresa, que teria reconheceu os erros e imediatamente fez as correções na minuta do acordo sobre a data-base. “Assim, foi assinado pelo presidente do Sindicato”, salienta a publicação denominada Informativo da Campanha Salarial Unificada.
Quanto ao acordo do abono, a direção o Sindicato afirma que “não teve como assinar, já que prejudica os mais de dois mil demitidos (e suas famílias), excluindo-os do pagamento, sem sequer terem participado da decisão, o que não foi debatido na mesa de negociação”, pontua. “Nenhuma assembleia pode renunciar direito de terceiros, nesse caso os demitidos”.
O Sindicato dos Metalúrgicos classifica que a “manobra da CSN já é conhecida dos mais antigos”. Ainda segundo a entidade, “se o Sindicato não tiver uma postura responsável e respeitosa com as famílias metalúrgicas poderá responder à Justiça”.
O texto também ataca a antiga gestão do SindMetal, citando um processo movido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra o ex-presidente Silvio Campos, que teria assinado um acordo excluindo os demitidos do pagamento do abono. “E se o sindicato for condenado terá que pagar mais que R$ 20 milhões de indenização aos trabalhadores e à Justiça, além de responsabilizar o presidente Edimar civil e criminalmente”, ressalta.
Voltando as miras para a CSN, o Sindicato acusa a empresa de não assumir os próprios erros, “divulgando fake news no chão da fábrica, justamente com a intenção de desacreditar o Sindicato perante os trabalhadores, mesmo sendo o responsável pela defesa dos direitos da categoria”.
Postura do presidente não agrada
No “tribunal” das redes sociais, o presidente Edimar Miguel foi “condenado” pelos internautas por desrespeitar o voto dos trabalhadores da CSN ao não assinar o Acordo Coletivo da CSN. Culpado, é o que “sentenciam”.
A situação só foi resolvida no final da tarde de quinta (dia 22), quatro dias após a votação.
“O sindicato inventa todo tipo de chicana jurídica para prejudicar o colaborador. Isso se chama pelegagem”, bateu o martelo um dos acusadores. “Isso que dá colocar pessoas irresponsáveis no poder. Política é isso aí, prometem fundos e mundos para chegar ao poder e quando chegam, tem que cumprir e não conseguem cumprir porque não tem como. E agora quem paga é o trabalhador por aqueles demitidos por influência negativa de vocês”, disse um internauta.
A insatisfação dos metalúrgicos, e de suas famílias, está exposta tanto nos comentários das postagens do Sindicato quanto em matérias publicadas pela imprensa da região.
“Eles querem que a CSN pague abono para os demitidos ano passado e a CSN diz que não paga abono para demitidos. Resumindo, por causa de alguns, estão prejudicando milhares”, comentou um trabalhador, questionando a justificativa do sindicato.
Se a justificativa de Edimar tem embasamento jurídico e realmente há “pegadinhas” no acordo, o que fica claro é que a direção do Sindicato dos Metalúrgicos precisa melhorar sua comunicação com o trabalhador. Sem clareza, o destino pode ser o descrédito com a categoria.