No dia 2 de abril, comemora-se o Dia Mundial de Conscientização do Autismo e, em Volta Redonda, os desafios para atender à demanda continuam prejudicando as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Isso vai além da falta de cuidadores nas escolas, uma reclamação antiga dos pais.

Autistas adultos que sempre receberam acompanhamento por meio das ações da secretaria municipal de Educação tiveram seus serviços interrompidos em dezembro de 2023. De acordo com informações de familiares, são 27 pessoas com Transtorno do Espectro Autista que deixaram de ser assistidas no Sítio Escola Municipal Espaço de Integração do Autista Thereza Aguiar Chicarino de Carvalho (Semeia) e foram encaminhadas, ao completarem 30 anos, para o Centro-Dia de Atendimento à Pessoa com Deficiência (Capd II), da secretaria municipal de Ação Comunitária (Smac).

“Estamos muito tristes, e algumas mães estão enfrentando muitos problemas. Nossos filhos estão tendo crises e ninguém previu o impacto que essa mudança causaria”, disse a mãe de um dos assistidos com nível 3 de suporte.

“Apesar de serem adultos, eles ainda são autistas. Anteriormente, recebiam transporte e acompanhamento diário, como qualquer aluno em uma escola regular. Hoje, com a distância do Capd II, não conseguimos levá-los todos os dias. Entendemos que a demanda por atendimento para crianças aumentou, mas não é justo penalizar os adultos”, completou.

Segundo relatos dos pais, a prefeitura de Volta Redonda informou que todos seriam assistidos diariamente e em condições plenas, porém, na prática, isso não está acontecendo.

“Faltam profissionais e transporte; meu filho só é atendido uma vez por semana no Capd I. Nos informaram que as terapias e estimulações seriam as mesmas, mas não é o que acontece. Muitos estão enfrentando dificuldades, pois além do autismo, têm alguma comorbidade ou deficiência física”, observou um pai de um rapaz com TEA. “Existem mães que não têm condições financeiras, pois não pagamos passagem quando estamos com eles, mas sozinhas, precisamos pagar. Ou seja, dificultou muito o acompanhamento deles”.

A situação se torna ainda mais desafiadora devido à necessidade de adaptação para que os autistas se sintam seguros e confortáveis no novo ambiente. “Meu filho recebe acompanhamento apenas um dia, e no Capd I, um lugar que ele não frequentava. Ele tem dificuldade em aceitar coisas novas, até mesmo quando eu mudo de caminho. Leva cerca de quatro meses para estabelecer um vínculo com o profissional, e levará mais quatro meses para se acostumar com o ambiente. Não há profissionais suficientes para atendê-lo e logo ele será transferido para o Capd II. Na reunião com os pais, nos disseram que haveria atendimento diário, sem interrupção, mas essa não é a realidade. Ou seja, fomos excluídos do sistema, todos estão em crise com essa mudança abrupta”, explicou uma mãe.

A mãe de uma autista, classificada também como nível de suporte 3 e com mais de 30 anos, compartilhou suas dificuldades diante da atual situação. “Eu nunca imaginei que teríamos que sair do Semeia, onde sempre fomos bem atendidos. Nos avisaram que o Capd II estaria totalmente preparado para receber nossos filhos. Além da falta de transporte e da quebra na rotina, minha maior dificuldade é não conseguir cumprir todas as exigências que nos pedem. Estão solicitando laudo, fotos e avaliações no Capd I, mas até agora não consegui providenciar. Tudo está muito confuso, e não consigo sair sozinha com minha filha. Dependemos do transporte para a escola, então estou aguardando que a situação se normalize. Enquanto isso, minha filha está sem o acompanhamento necessário”, desabafou a mãe, que preferiu não se identificar.

A Folha do Aço enviou um e-mail para a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Volta Redonda, porém, não obteve retorno sobre a situação dos autistas.

Foto: arquivo/PMVR

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