A população de Volta Redonda enfrentou na última quarta-feira (dia 16) uma intensa tempestade, acompanhada de fortes ventos que atingiram até 100 km/h. O fenômeno provocou a dispersão de partículas pretas, gerando preocupação entre os moradores e afetando a saúde e o bem-estar da comunidade.

A tempestade causou a queda de árvores, deixou diversos pontos da cidade sem energia elétrica e gerou uma nuvem espessa de pó preto que cobriu a cidade, transformando uma agradável tarde de outono em uma escuridão incomum. Nas redes sociais, circulavam imagens que evidenciavam o impacto da condição climática sobre a cidade e, especialmente, sobre a Usina Presidente Vargas, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que teve sua matéria-prima estocada dispersa.

Posicionamento do Inea

Em resposta ao ocorrido, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) divulgou uma nota oficial informando que está acompanhando a situação em parceria com a Prefeitura Municipal e a CSN. “Uma equipe de fiscalização esteve no local e o Inea adotará as medidas necessárias e cabíveis à situação”, afirmaram representantes do instituto. Desde agosto deste ano, o Inea monitora a qualidade do ar na cidade por meio do Programa Estadual de Monitoramento de Partículas Sedimentáveis, conhecido como “pó preto”, coletando amostras mensalmente em parceria com o laboratório de Química Atmosférica da PUC-Rio.

Posicionamento da CSN

A CSN também se pronunciou sobre a situação, esclarecendo que, apesar do evento climático ter durado pouco tempo, as grandes dimensões da usina amplificaram o impacto visual das imagens geradas. “Essas imagens não representam emissões atmosféricas, mas sim os efeitos do fenômeno climático sobre a matéria-prima”, afirmaram. A empresa ressaltou que tem intensificado o uso de polímeros para evitar a dispersão de material e que a qualidade do ar se manteve boa durante todo o período, monitorando partículas inaláveis invisíveis que podem prejudicar a saúde da população.

Atuação da Prefeitura

Após a tempestade, a prefeitura de Volta Redonda mobilizou suas equipes para a limpeza e reparos na cidade. Profissionais das secretarias de Serviços Públicos e de Ordem Pública, além da Defesa Civil, atuaram na remoção de entulhos, lama, galhos e árvores em várias localidades. O prefeito Neto (PP) destacou que o governo municipal tem trabalhado preventivamente para preparar a cidade para fortes chuvas, realizando obras de infraestrutura e limpeza de bueiros para evitar alagamentos.

“Estamos com equipes atuando nos principais pontos atingidos e vamos chegar em toda a cidade para limpar, retirar entulhos e minimizar os transtornos causados pelo temporal. Várias secretarias e órgãos estão envolvidos para garantir o dia a dia da nossa população”, afirmou Neto.

Críticas da população

A situação gerou indignação entre os moradores, que se sentem impotentes diante da poluição e dos riscos à saúde. “A situação é insustentável. Não podemos viver assim, sob uma nuvem de poluição e com a saúde em risco”, disse Janaina Ribeiro, moradora da Vila Santa Cecília. “As autoridades precisam agir, não podemos mais esperar”, cobrou Paulo Henrique Teixeira, que reside no Retiro.

Outros moradores compartilharam preocupações semelhantes, pedindo uma fiscalização mais rigorosa da CSN e soluções efetivas para a poluição do ar. A tempestade de quarta-feira não apenas expôs a fragilidade da infraestrutura ambiental em Volta Redonda, mas também levantou questões urgentes sobre a saúde pública e o controle da poluição industrial. E o verão ainda nem chegou.

Foto: Luciano Costa Vasconcellos

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