Um tamanduá-mirim foi visto perambulando pelas ruas da Vila Santa Cecília, em Volta Redonda, nas primeiras horas do último domingo (dia 13), surpreendendo feirantes que montavam suas barracas. O flagrante foi registrado por populares, que capturaram em vídeo o animal longe de seu habitat natural. O caso chamou atenção para a presença cada vez mais frequente de animais silvestres em áreas urbanas.

De acordo com Sandro Leonardo Alves, analista ambiental do ICMBio, o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), também conhecido como tamanduá-de-colete, é uma espécie nativa que ocorre em todo o Brasil. Em Volta Redonda, é comum em Unidades de Conservação como a Floresta da Cicuta. “Além do tamanduá, animais como gambás, quatis, bichos-preguiça, ouriços-cacheiros e até lobos-guarás são frequentemente avistados nas áreas urbanas da região”, afirmou o ambientalista, destacando que um dos fatores que leva esses animais a se afastarem das florestas, que são seu habitat natural, são as queimadas, comuns nesta época do ano devido à falta de chuvas. “As queimadas contribuem diretamente para a degradação das florestas, o que afeta a sobrevivência e a manutenção das populações desses animais”, acrescentou Sandro.

Segundo ele, outro fator relevante é que Volta Redonda possui apenas 11% de Mata Atlântica, distribuída em diversos fragmentos florestais pelo município. “A maioria são fragmentos pequenos e que não suportam o crescimento populacional dessas espécies, levando alguns indivíduos a se dispersarem em busca de outros fragmentos para se estabelecer e encontrar alimento. É durante esses deslocamentos que acabam encontrando áreas urbanas e sendo avistados pelos moradores”, explicou.

Ao vagar pelas cidades, esses animais silvestres correm diversos riscos, como atropelamentos, interações com animais domésticos e ingestão de alimentos inadequados. Por isso, a orientação do ICMBio é para que as pessoas evitem tocar, perturbar ou alimentar esses animais, além de manter distância para evitar acidentes, como mordidas, bicadas ou transmissão de doenças. É importante destacar que, de acordo com o Artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9.605/1998), é crime no Brasil matar, perseguir, caçar, capturar ou utilizar animais silvestres, com pena de detenção de seis meses a um ano, além de multa. Caso algum animal silvestre seja encontrado nas ruas, a orientação é acionar as autoridades ambientais, como o Corpo de Bombeiros, pelo número 193, ou a Polícia Ambiental, pelo número (21) 98596-8763.

“A presença de animais silvestres em áreas urbanas pode se tornar mais frequente devido às mudanças climáticas e à expansão urbana. O desmatamento e a degradação ambiental reduzem os habitats naturais, forçando os animais a buscarem recursos em ambientes urbanos. Além disso, mudanças climáticas podem afetar a disponibilidade de alimento e água, intensificando a migração para as cidades”, diz Sandro Leonardo, ressaltando que, para proteger o habitat desses animais, é essencial investir em políticas de preservação e recuperação de áreas naturais, controlar o desmatamento e as queimadas, criar corredores ecológicos que conectem os fragmentos florestais e promover o uso sustentável do solo. “A conscientização da população e o fortalecimento das leis ambientais também são cruciais para garantir a proteção dessas espécies e evitar que migrem para áreas urbanas”, concluiu.

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