Volta Redonda vive um dos piores picos de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) dos últimos anos. Dados atualizados na quinta-feira (26) pelo sistema SIVEP-Gripe apontam que 400 pessoas estão internadas na cidade com sintomas graves da doença. O surto acompanha a tendência estadual e preocupa autoridades de saúde.
De acordo com a secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), mais de 12 mil internações por SRAG foram registradas este ano em todo o estado, impulsionadas sobretudo pela circulação da Influenza A (H3N2). Casos associados a outros vírus respiratórios, como o sincicial respiratório (VSR) e a Covid-19, também contribuem para a sobrecarga da rede hospitalar.
“Estamos diante de uma circulação expressiva de vírus respiratórios, com impacto direto nas internações e nos óbitos. A vacina da gripe é gratuita, está disponível em todos os municípios e é nossa principal aliada para evitar casos graves”, afirma o subsecretário estadual de Vigilância e Atenção Primária à Saúde, Mário Sergio Ribeiro.
Mais de 50 mortes e hospitais no limite
Em Volta Redonda, já foram confirmadas mais de 50 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave, sendo 12 atribuídas à Influenza A (H3N2), 4 à Covid-19, e 27 a outros agentes respiratórios. Em 16 casos, a causa específica da infecção não foi determinada.
O Hospital Regional concentra o maior número de óbitos (36), seguido pela Unimed (9) e pelo Hospital do Retiro (8). As unidades operam próximas ao limite da capacidade, segundo a secretaria de Saúde.
A pressão sobre o sistema tem levado a um aumento semanal de solicitações por leitos, que já chegam à média de 200 por semana, com maior incidência entre crianças e, mais recentemente, idosos.
Crianças e gestantes entre os casos graves
O levantamento estadual revela que a SRAG tem atingido todas as faixas etárias, com registros graves em idosos, adultos, gestantes e até bebês com menos de um ano. Pelo menos nove casos de SRAG em bebês por Influenza A foram confirmados em Volta Redonda, a maioria sem histórico de vacinação.
Entre gestantes, quatro casos positivos para Influenza A também foram registrados no município.
Cobertura vacinal abaixo do ideal
A baixa adesão à campanha de vacinação contra a gripe é apontada como um dos principais fatores para a disseminação da doença. Desde o início da campanha em abril, apenas 24% do público prioritário foi imunizado no estado – o equivalente a 1,1 milhão de pessoas. A meta estipulada pelo Ministério da Saúde é de 90%.
Em Volta Redonda, a cobertura vacinal está um pouco acima da média estadual, em 48,57%, mas ainda distante da meta. Dados locais mostram que muitos dos pacientes internados, inclusive parte dos que evoluíram para óbito, não estavam vacinados ou estavam com o esquema incompleto.
Alerta reforçado
Diante do avanço dos casos, a secretaria municipal de Saúde reforçou o alerta para sintomas gripais – como febre alta, tosse persistente, falta de ar e desconforto respiratório – e recomendou que grupos de risco busquem atendimento médico imediato e se vacinem.
“É uma situação que exige atenção de toda a população”, alertou, em nota, a secretaria de Estado de Saúde.