Na manhã de quinta-feira (dia 14), o prefeito Neto (PP) declarou: “Com certeza quero fazer a saúde de Volta Redonda modelo”. O discurso, porém, contrasta com o cenário de obras atrasadas e serviços improvisados que ainda marcam o atendimento público na cidade, incluindo o Hospital Municipal da Criança, cuja entrega da primeira fase foi novamente adiada, agora para agosto de 2026. O atraso chega a quase nove anos em relação à previsão original, e o custo do projeto já ultrapassa R$ 10,2 milhões após um reajuste de 7,96%.
O prédio, erguido ao lado do Hospital Municipal Dr. Munir Rafful, no Retiro, começou a sair do papel em 2016. Entre paralisações e retomadas, ganhou até uma nova pedra fundamental em julho de 2022, durante a atual gestão. Desde então, cinco aditivos contratuais foram assinados para estender o prazo. O último, em 5 de agosto, empurrou a conclusão por mais um ano.
O que está previsto
Com cinco pavimentos e 6.100 m² de área construída, o Hospital da Criança terá recepção exclusiva, consultórios de atendimento, salas de medicação e emergência, além de 17 leitos de internação pediátrica. A segunda fase inclui centro cirúrgico e obstétrico, UTI neonatal, UCI, centro de parto normal e leitos de alojamento conjunto e ginecologia.
Segundo a prefeitura, a transferência da maternidade só será feita quando toda a estrutura estiver pronta, mas não há previsão para o término dessa etapa.
Histórico de atrasos
Durante a campanha municipal de 2024, Neto, reeleito para mais quatro anos, anunciou que a primeira fase estaria pronta entre o fim de setembro e o início de outubro daquele ano. A previsão não se concretizou. A segunda fase, que prevê a transferência da maternidade do Hospital São João Batista para a nova unidade, também não tem data para começar.
O histórico não é isolado. Outras obras públicas hospitalares na cidade seguiram o mesmo roteiro de adiamentos. O Hospital Regional Zilda Arns, no bairro Roma, teve a construção iniciada no final de maio de 2011 e concluída apenas em dezembro de 2016. Já a ampliação do Hospital São João Batista, no bairro Colina, teve a inauguração cogitada em dois aniversários consecutivos da cidade, julho de 2024 e 2025, mas também foi adiada.
Pediatria
Recentemente, o prefeito prometeu a contratação de pediatras para compor a equipe da UPA Santo Agostinho, que também está com as obras atrasadas. A construção começou em fevereiro de 2023 e deveria ter sido concluída em julho do mesmo ano. No entanto, até agora, em agosto de 2025, o atendimento continua acontecendo de forma provisória em um imóvel cedido pela Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec).
Outro ponto crítico é a reforma geral do Serviço de Pronto Atendimento (SPA), mais conhecido como Cais Conforto. Fechada para obras desde junho de 2022, a unidade, considerada intermediária na Rede de Urgência e Emergência, tinha entrega prevista para abril de 2023. No último dia 7 de agosto, o prefeito afirmou: “Eu dei a minha palavra ao vereador Neném. Em 45 dias ele estará entregue à população, a todo vapor”.
No momento, o atendimento de pediatria na rede pública do município está concentrado no Hospital do Retiro. Enquanto isso, unidades já em funcionamento seguem sobrecarregadas. Especialistas ouvidos pela reportagem apontam que a ausência de um hospital pediátrico dedicado sobrecarrega o atendimento de crianças e adolescentes em hospitais gerais, dificultando a oferta de leitos e atrasando diagnósticos.
No papel, o Hospital da Criança promete centralizar e ampliar a assistência infantil. Na prática, segue como obra inacabada, e como promessa que, por enquanto, ainda não saiu das fundações para a realidade do atendimento.
Foto: divulgação
O Neto fez muitas inaugurações em 2016, mas funcionando mesmo muito poucas, inclusive o Hospital Regional, o da Criança, em uma outra ala do Hospital do Retiro, uma reforma meia boca da Praça da ETPC, que voltou a ter intervenção, cara por sinal, a Rodovia do Contorno, entregue ao tráfico só no final de 2017, e muitas outras obras.