O debate em torno das eleições presidenciais de 2026 ganhou novo fôlego nos últimos dias após o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, reafirmar apoio ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem classificou como o “melhor candidato para o Brasil”. Kassab deixou claro que, caso Tarcísio decida disputar o Palácio do Planalto, o PSD tenderá a apoiá-lo, o que abriria espaço para que nomes do próprio partido, como Ratinho Jr. e Eduardo Leite, recuem de uma eventual corrida presidencial.
Para Léo Santos, presidente do diretório municipal do PSD de Barra Mansa, a declaração deve ser compreendida como um recado estratégico. Segundo ele, trata-se de um movimento que combina oportunidade e risco. “Representa um momento delicado para o partido, porque a posição nacional, embora legítima dentro da lógica de coalizões do PSD, traz ambiguidades que precisam ser debatidas com profundidade, especialmente no plano local”, avalia.
Na leitura de Kassab, consolidar uma candidatura de centro-direita em torno de Tarcísio poderia evitar a dispersão de votos no primeiro turno e oferecer uma alternativa competitiva à polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)e os campos mais à direita, como a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL).
Ainda assim, Léo Santos levanta um ponto sensível: o risco de diluição da identidade política do PSD. Para ele, um partido com forte presença nacional, capilaridade regional e quadros próprios não pode se limitar ao papel de coadjuvante em projetos eleitorais externos. “O PSD chega a este momento consolidado em municípios e estados. Alianças são necessárias, mas precisam caminhar junto com protagonismo e identidade”, pondera.
O dirigente também destaca a diferença entre uma estratégia meramente tática focada em maximizar chances eleitorais imediatas, e uma visão programática, que exige clareza sobre quais propostas o partido pretende defender para o país. Na avaliação de Santos, a defesa pública de Tarcísio, da forma como foi apresentada, carece de um debate mais profundo sobre um projeto nacional que vá além da unificação circunstancial de forças políticas.
Outro ponto levantado diz respeito ao impacto dessas decisões nas bases partidárias. Segundo Leo, muitas vezes as articulações feitas no topo não consideram como essas escolhas são percebidas pelos diretórios municipais e pelo eleitorado local. Em cidades como Barra Mansa, ainda faltam respostas claras sobre o que significaria, na prática, o apoio do PSD a um candidato filiado a outra legenda. “Apesar da relevância de Tarcísio no cenário nacional, há dúvidas concretas sobre sua real disposição de disputar a Presidência em 2026, já que ele tem reiterado o foco na reeleição ao governo de São Paulo”, observa.
Foto: Divulgação












































