Um caso de ciúmes, envolvendo um casal separado, pai de uma criança, e o novo companheiro da mulher terminou em tragédia em Volta Redonda. O fato aconteceu em dezembro do ano passado, mas só agora, passados sete meses, que os personagens com fortes indícios de autoria do crime de homicídio qualificado pelo motivo torpe, conforme apontam as investigações, finalmente foram parar atrás das grades.
A história teve um capítulo trágico na manhã de 8 de dezembro de 2020, quando o técnico de manutenção Francisco Carlos Sciotta da Silva Júnior, de 34 anos, foi morto a tiros, no Parque das Garças, no bairro Roma. A Polícia Civil descobriu que uma das envolvidas na morte de Juninho, como a vítima era conhecida, é a advogada Leidyane Cristina Pereira, ex-mulher dele.
Os investigadores acreditam que uma emboscada foi planejada para colocar em prática o plano de assassinar Juninho. Para atrair a vítima até a cena do crime, Leidyane e um homem identificado como Willian da Silva agendaram um suposto serviço de manutenção de uma máquina de lavar roupas. Juninho trabalhava como técnico de manutenção na empresa de sua família.
Testemunhas ouvidas pela polícia informaram que o atirador fugiu do local em um Gol prata, na companhia de outro comparsa, que permaneceu o tempo todo no interior do veículo dando cobertura. O corpo de Juninho foi encontrado por familiares coberto por um lençol.
A Polícia Civil apurou que no endereço fornecido para a suposta manutenção da máquina não existia nenhum morador com o nome de William, conforme foi repassado no momento do pedido da visita da empresa. Aos agentes da 93ª DP, familiares disseram que Junior “não possuía nenhum inimigo; que não vinha sofrendo nenhum tipo de ameaça; que não possuía nenhum tipo de envolvimento com o tráfico de drogas; que também não era usuário de drogas”. Ainda conforme os relatos, quando o movimento de conserto de máquinas de lavar roupas estava fraco, ele vendia veículos.
Os detalhes do caso constam no despacho do juiz Ludovico Couto Colacino, da 1ª Vara Criminal de Volta Redonda, que expediu o mandado de prisão da ex-companheira de Juninho e de dois outros suspeitos: William da Silva e Bismarck Pereira de Souza, este último seria o motorista do veículo utilizado no dia do crime e namorado de Leidyane.
A investigação
A investigação chegou ao trio após a Polícia Civil ouvir parentes e amigos da vítima. Um primo de Juninho relatou que o relacionamento dele com Leidyane havia terminado há cerca de dois a três anos e que era de seu conhecimento que desde a separação ocorreram diversos conflitos em relação a guarda do filho deles.
Juninho teria contado, certa vez, que a ex-companheira estaria namorando um ex-presidiário. Além disso, cerca de oito meses antes do crime, quando eles estavam em um churrasco, o primo disse que o namorado de Leidyane havia ligado de madrugada, questionando o fato de ele ainda estar falando com a ex-mulher. Meses depois, a ameaça foi colocada em prática, com o assassinato de Francisco Carlos Sciotta da Silva Júnior, o Juninho.
“As prisões se fazem necessárias diante da presença de fortes indícios de autoria e prova da materialidade do crime de homicídio qualificado pelo motivo torpe, mediante emboscada e pelo recurso que dificultou a defesa da vítima, e do requisito de garantia da ordem pública, diante da gravidade concreta do delito”, consta no pedido de prisão expedido pelo juiz Ludovico Couto. “As prisões cautelares são necessárias e adequadas para a garantia da ordem pública, dada a periculosidade extraída do fato-crime”, completa.
A advogada Leidyane Cristina Pereira foi presa na quarta-feira (dia 21), na Vila Brasília. Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estiveram na delegacia acompanhando o caso. Outro mandado de prisão foi cumprido na manhã de quinta (dia 22), no bairro São Luís. Willian da Silva foi localizado em seu local de trabalho, no bairro São Luiz, em Barra Mansa, por agentes da 93ª DP. O terceiro acusado, Bismarck Pereira de Silva, segue foragido.