Miriam Azevedo, atualmente com 60 anos de idade, tinha 2 quando contraiu o vírus da poliomielite, que causa paralisia infantil. A vacina, segundo ela, foi o que permitiu que o seu caso não se agravasse.
“Fui vacinada, mas infelizmente, já estava com o vírus. A paralisia atingiu meu lado direito, fiquei muito mal. O médico, na época, disse que se eu não tivesse vacinado atingiria meu corpo todo”, conta a moradora do bairro Santa Cruz, em Volta Redonda.
Apesar de o imunizante estar disponível em todas as unidades de saúde dos municípios, em todo o país, houve uma queda significativa nos percentuais de cobertura vacinal, acendendo o sinal de alerta das autoridades em saúde. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a campanha imunizou 65,6% do público-alvo, cerca de 7,6 milhões de crianças.
Em Volta Redonda, foram aplicadas 6.032 doses. A cobertura vacinal, até o momento, é de 48,09%. Já em Barra Mansa, a situação é um pouco melhor, com 57% do público-alvo vacinado.
Em setembro, a Fiocruz divulgou um levantamento demonstrando que somente 13 municípios do estado do Rio de Janeiro – de um total de 92 – atingiram a meta de 95% das crianças de até 1 ano imunizadas contra a poliomielite em 2021. Em 30 municípios fluminenses a vacina chegou a menos da metade da população-alvo, ou seja, a cobertura vacinal desses lugares é considerada muito baixa.
No ano passado, a média de cobertura contra a poliomielite em todo o estado foi de 61%, muito distante da meta de 95% e abaixo também da média nacional, a menor dos últimos 25 anos. Em 2021, apenas 75% dos bebês menores de um ano foram imunizados contra a doença em todo o país.
Para Miriam, que convive com a doença, a vacinação é fundamental, e é preciso que pais e responsáveis entendam a gravidade das sequelas da paralisia. “Só quem carrega essa doença sabe a dor que passa. Meu conselho para os pais é que vacinem seus filhos, pois a paralisia é irreversível”, finalizou.
Vacinação infantil sofre queda brusca no Brasil, segundo Fiocruz
Em 17 de outubro é comemorado o Dia Nacional da Vacinação, e os dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram que a taxa de vacinação infantil no Brasil vem sofrendo queda. A taxa caiu de 93,1% para 71,49%.
De acordo com a pesquisa, realizada em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse número coloca o Brasil entre os dez países com menor cobertura vacinal do mundo. A baixa adesão no país deixa a população infantil exposta a doenças que antes não eram mais uma preocupação, como o sarampo, sendo erradicado no país em 2016 e dois anos depois voltou para a lista de doenças no Brasil.
Além do sarampo, outras doenças que correm o risco de voltar a acometer as crianças são a poliomielite, a meningite, a rubéola e a difteria. A pandemia de Covid-19 agravou as baixas coberturas. Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, “as recomendações das autoridades sanitárias de distanciamento social e outras medidas não farmacológicas afastaram a população das unidades de saúde para se vacinarem”.
Nesse contexto, o projeto ‘Reconquista das Altas Coberturas Vacinais’, coordenado pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), ao lado da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), visa implementar ações de apoio estratégico ao Programa Nacional de Imunização (PNI) para reverter a trajetória de queda nas coberturas vacinais dos Calendários Nacionais de Vacinação – da Criança, do Adolescente, do Adulto e Idoso, da Gestante e dos Povos Indígenas e, assim, assegurar o controle de doenças imunopreveníveis, cujas vacinas são disponibilizadas gratuitamente para a população, nos postos de saúde, através do Sistema Único de Saúde (SUS).
Foto: divulgação PMVR