Deu água no modelo de negociação defendido pela direção do Sindicato dos Metalúrgicos e de outras quatro entidades de classe que integram a base, de unificar a campanha de renovação do acordo coletivo 2023/2024 dos funcionários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). “Após muita disputa, os sindicatos decidiram encaminhar sua pauta individualmente e sentar na mesa com a empresa para negociar”, informou o SindMetal na segunda-feira (dia 12).
Desde a aproximação do final da data-base vigente, período este que marca a abertura das conversas entre empregadores e empregados, a direção da CSN já demonstrava incômodo com a postura das lideranças sindicais, que se uniram com o propósito de pressionar a empresa. A estratégia: quanto mais órgãos sindicais juntos, maior o número de trabalhadores representados e, consequentemente, cresceria a pressão no chão da fábrica.
À sua maneira, a Companhia assumiu o controle do “jogo”. Primeiro, não recebendo no escritório de sua sede em São Paulo a pauta de reivindicação unificada. Isso ocorreu no dia 5 de abril, ou seja, faltando poucas semanas para o fim da data-base, que se encerraria no dia 1º de maio.
A segunda tentativa foi por meio do envio de e-mail e Sedex, em 6 de abril. A utópica proposta defendia 22% de reajuste salarial, turno de 36 horas semanais, plano de saúde nacional, PLR, fim do banco de horas, recuperação do Recreio dos Trabalhadores, entre outros. Puro devaneio sindical, levando-se em conta os índices das convenções coletivas anteriores da CSN.
A empresa manteve a mesma postura de isolamento ao não enviar representante à reunião mediada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em Volta Redonda, no dia 28 de abril. Desde então, outras tentativas frustradas foram registradas por representantes dos Metalúrgicos, Engenheiros (Senge-VR), Metabase de Congonhas-MG, dos Vigilantes de Volta Redonda e dos Portuários do Rio.
Com a prorrogação da data-base, mantendo em vigor até 30 de junho às cláusulas anteriores, a CSN apostou na desmobilização e transferência da pressão dos trabalhadores, mirando os sindicatos. A estratégia surtiu efeitos, com o fim da pauta de negociação unificada.
Exemplo disso, é que na terça-feira (dia 13), foi encerrada a votação dos funcionários da CSN Mineração, representados pelo Sindicato Metabase Inconfidentes. Foram dois dias de votação e mais de 82% dos trabalhadores decidiram aceitar o acordo e encerrar as negociações do acordo. Antes disso, na CSN Cimentos, os trabalhadores, representados pelo Sindicato da Construção Civil, também aprovaram a proposta da empresa.
O mesmo aconteceu na Galvasud, em Porto Real. No entanto, os funcionários da fábrica ainda não tiveram o acordo homologado, tão pouco receberam os valores negociados. Isso porque a convenção foi tocada pela Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânica e de Material Elétrico do Estado do Rio de Janeiro. A medida desagradou o SindMetal, que ajuizou ação para discutir a representatividade na base de Porto Real, podendo levar a disputa judicial a levar meses.
Usina Presidente Vargas
Com o enfraquecimento do Sindicato dos Metalúrgicos, enfim, a CSN abriu negociação com os representantes dos trabalhadores da fábrica da Cidade do Aço. A conversa aconteceu na última segunda-feira (dia 12). Talvez, o clima de amor do Dia dos Namorados tenha amolecido os corações da atual diretoria que, mesmo afirmando que a proposta anteriormente aprovada pelas outras unidades da empresa era muito abaixo do ideal, decidiu levar em votação na Praça Juarez Antunes.
Tudo sinaliza que o imbróglio da campanha salarial da CSN, na Usina Presidente Vargas, pode ter um desfecho nesta segunda-feira (dia 19), encerrando assim meses de tentativas de entrega de pauta unificada e de recusas da empresa. Entre os pontos econômicos principais, a proposta prevê um reajuste de 3%, para quem ganha acima de R$ 5 mil, e 4,5% para quem recebe menos de R$ 5 mil. Outro benefício oferecido é de R$ 1 mil de carga mensal do cartão alimentação
Tudo isso, é claro, se os metalúrgicos concordarem, já que o presidente do SindMetalSF, Edimar Miguel, orienta que os “homens e mulheres de aço” recusem a proposta.
“Entendemos que a proposta está muito abaixo do que os trabalhadores merecem. Aconselhamos o trabalhador e a trabalhadora a não aceitar essa proposta”, disse o sindicalista em vídeo postado nas redes sociais. Dos itens que constam na pauta, apenas o cartão alimentação foi reajustado, conforme a reivindicação dos sindicalistas.
Por enquanto, apenas os sindicatos dos Engenheiros (Senge-VR) e dos Vigilantes não negociaram a renovação do acordo coletivo.