A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou nesta segunda-feira (dia 10) que firmou uma parceria com a empresa Solo Novo, especializada em tecnologias sustentáveis, na gestão do descarte dos resíduos siderúrgicos. Segundo a Companhia, o objetivo é a redução de impactos ambientais e o
aumento da eficiência produtiva.
Conforme o anúncio, a parceria consiste na utilização de processos avançados de tratamento de resíduos, aliados a tecnologias de reciclagem e reaproveitamento. A abordagem pioneira permitirá destinar os resíduos industriais inorgânicos e não perigosos, para restaurar áreas degradadas por voçorocas (fenômeno de erosão avançada de solos).
“A CSN tem investido em métodos para revalorizar os resíduos gerados em suas
operações, propondo soluções criativas a partir do conceito da economia circular.
Atualmente, 94% do volume de resíduos gerados na Usina Presidente Vargas), no
Rio de Janeiro, já é reaproveitado, reciclado ou reutilizado em outros processos, ou
como subprodutos em diferentes cadeias produtivas”, diz o comunicado.
Ainda segundo a CSN, até 2021, os outros 6% desse montante eram enviados para aterros convencionais. “Apesar de legais, esses empreendimentos, além de impactar áreas nativas, carregam riscos ao meio ambiente, como potenciais vazamentos que podem contaminar o solo e lençóis freáticos”, assegura a nota.
Solução
Em busca de uma solução alternativa a essa destinação, a CSN relata que abraçou a iniciativa do pesquisador Julio Prezotti, “nessa tecnologia que está transformando o método como as grandes indústrias destinam seus resíduos, encaminhando os resíduos
industriais inorgânicos e de classe II, ou seja, não perigosos, para restaurar áreas
degradadas por voçorocas”.
Voçorocas são áreas de profunda erosão no solo, que expõem o lençol freático e
sofrem um processo de degradação que, a partir da força das águas da chuva e de
outras intempéries, aprofundam e ampliam sua exposição. Essas formações podem ser
extremamente destrutivas, pois comprometem a estabilidade do solo, causam
deslizamentos de terra, assoreamento de rios e até mesmo o colapso de estruturas
civis próximas.
“O método desenvolvido pela Solo Novo, com o apoio da CSN, e patenteada pelo
Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), é inovador, já que é capaz de recuperar
as voçorocas a partir da disposição de resíduos não-perigosos e oriundos do processo
siderúrgico nas grandes valas causadas pela erosão. Por meio de um processo técnico
de engenharia e geologia, a iniciativa torna possível que essas áreas retornem à sua
configuração natural”, explica Helena Brennand Guerra, diretora de Sustentabilidade e
Meio Ambiente da CSN.
A parceria entre CSN e Solo Novo iniciou num acordo exclusivo para a recuperação
de uma voçoroca localizada em Pinheiral decorrente da exploração inadequada da
vegetação natural, plantação de café e criação de gado. A combinação da geografia, do
impacto das chuvas e dos ventos nesse ambiente descoberto acarretou deslizamentos
de terra e erosões, criando enormes valas com impactos praticamente irreversíveis à
sua conformação natural.
“A partir dessa nova técnica, a área será restaurada e será
novamente integrada à paisagem natural da região”, comemora Helena.
Licenciamento
O licenciamento ambiental desse novo tipo de destinação foi aprovado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que acompanhou o desenvolvimento das
atividades, segundo informou a CSN. Membros do Grupo de Apoio Técnico Especializado ligado ao Ministério Público Estadual (MPRJ) também acompanharam a implantação do empreendimento.
“Trata-se de uma prática sustentável que visa não só uma nova solução para
destinação de resíduos não-perigosos, como também uma prática que preserva e
recupera os recursos naturais. Assim, a CSN e a Solo Novo caminham para a
construção de um mundo em que as indústrias contam com alternativas cada vez mais
inovadoras, que valorizam e transformam resíduos em ativos economicamente viáveis
e socio-ambientalmente responsáveis”, finaliza Helena.