Nas últimas semanas, a saúde cardiovascular de importantes figuras políticas da região tem sido motivo de apreensão. O prefeito Neto, de Volta Redonda, está atualmente internado em uma clínica particular no Rio de Janeiro, após passar por uma cirurgia para a colocação de válvulas cardíacas. Enquanto isso, o vereador Sidney Dinho, também da Cidade do Aço, está em fase de recuperação após submeter-se a um cateterismo. Infelizmente, o prefeito José Osmar, de Rio Claro, não resistiu a um infarto e faleceu na madrugada do último dia 8.
Diante desse cenário, a Folha do Aço buscou a análise da cardiologista e professora do UniFOA, Thaís Ibañez, para compreender as implicações desses problemas cardíacos e discutir medidas preventivas cruciais, especialmente para indivíduos em posições de destaque na política local.
Em uma entrevista exclusiva, Ibañez abordou questões relacionadas aos eventos cardíacos recentes e ressaltou a importância da prevenção na saúde cardiovascular. A especialista destacou que exames regulares, mudanças no estilo de vida, alimentação balanceada e atividade física supervisionada são fundamentais para reduzir os riscos dessas condições.
FA: O prefeito José Osmar, de Rio Claro, morreu no último dia 8, vítima de um infarto fulminante. Como esse tipo de evento pode impactar o sistema cardiovascular e quais são as possíveis razões para um infarto fulminante?
TI – Infarto fulminante é quando ocorre uma interrupção do fluxo sanguíneo para a coronária que é uma artéria que irriga o coração gerando a morte.
O vereador Dinho, de Volta Redonda, foi submetido a um cateterismo. Pode explicar em termos leigos o que é esse procedimento e como ele ajuda no diagnóstico e tratamento de problemas cardíacos?
Cateterismo cardíaco é um exame que consegue avaliar dentro da coronária se há placa de “gordura” interrompendo o fluxo de sangue que poderia causar o infarto.
Como a cirurgia para colocação de válvulas, infarto fulminante e cateterismo se relacionam com a saúde cardiovascular, em geral?
Cateterismo avalia o grau de comprometimento da coronária, e se ela estiver obstruída, pode acontecer o infarto. Já a troca valvar não tem relação com o infarto.
Existem medidas preventivas que políticos e indivíduos em posições de destaque devem adotar para reduzir esses riscos?
Não apenas políticos, mas toda a população deveria ter uma alimentação balanceada, manter peso adequado, tratar doenças que porventura já existam, não fumar e praticar atividade física supervisionada regularmente.
Como a medicina preventiva pode desempenhar um papel crucial na detecção precoce de problemas cardíacos?
Consultas de rotina podem avaliar, por meio das queixas e hábitos de vida, os fatores de risco para as doenças cardiovasculares, e o médico pode orientar mudanças de estilo de vida que podem ser necessárias para uma qualidade de vida melhor. Afinal, não basta viver muito tempo; é preciso viver com qualidade também! O infarto acontece pela placa de aterosclerose, “gordura” nas artérias, e isso é piorado e acelerado pela alimentação ruim, pela diabetes, pelo sedentarismo, pelo tabagismo. Quando a placa se instala e cresce ao ponto de obstruir o fluxo de sangue para o coração, acontece o infarto, que pode ser fulminante, gerando o óbito. Nas consultas de rotina, todos os fatores de risco são avaliados e orientadas às mudanças necessárias no estilo de vida ou medicação, de acordo com cada caso, e isto pode evitar complicações desnecessárias e até fatais.
E a colocação de válvula?
A doença valvar tem outras causas que não têm relação com o infarto, mas também podem ter desfechos ruins se não tratadas e acompanhadas pelo cardiologista. Após a cirurgia, a complicação mais frequente é a infecção, que pode ser da cicatriz cirúrgica ou da própria valva protética. No caso do prefeito Neto, pelas reportagens, a infecção foi na cicatriz, que tem uma chance boa de evoluir com melhora.
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