A prefeitura de Angra dos Reis conclui nesta sexta-feira (dia 15) o cadastro de famílias afetadas pelas fortes chuvas da semana passada. Desde o último sábado, elas estão sendo atendidas em quatro locais, todos no Bracuí, bairro mais atingido pela tempestade. O cadastro, que permite a retirada de kits com água potável, alimentos, material de limpeza e produtos de higiene pessoal, também servirá como base de dados para que o governo estadual apure quem estará apto a receber o Cartão Recomeçar.

No valor de R$ 3 mil, o cartão é destinado à população de baixa renda atingida por enchentes, deslizamentos, desabamentos e incêndios. Com o recurso, o beneficiário pode comprar materiais de construção, móveis e alguns eletrodomésticos (fogão, geladeira e máquina de lavar roupas). Além disso, a Prefeitura discute com o Governo do Estado a possibilidade de oferecer Aluguel Social para as famílias afetadas.

Mais de 400 pessoas deixaram os abrigos organizados pela prefeitura de Angra e voltaram para suas casas. No momento, 34 pessoas seguem em duas escolas municipais no bairro do Frade, onde recebem suporte das secretarias de Assistência Social, Educação e Saúde. Desses, 25 são idosos que viviam em um asilo particular no Bracuí, onde dois moradores morreram.

“Desde o primeiro momento, determinei que a prioridade das equipes da Prefeitura era acolher as pessoas. Ao mesmo tempo, orientei que os esforços fossem coordenados de maneira que a infraestrutura da cidade fosse recuperada o mais breve possível, sempre resguardando a segurança dos trabalhadores e da população. Quero aqui agradecer o empenho dos servidores municipais e, principalmente, a solidariedade da população angrense”, disse o prefeito Fernando Jordão.

250 mm em 24 horas

No último fim de semana, choveu em 24 horas o volume esperado para todo o mês de dezembro. Os 250 milímetros de chuva, combinados com a maré cheia, inundaram diversas ruas do Bracuí, com a água chegando a três metros de altura. Em algumas localidades do Frade e do próprio Bracuí, houve falta de água e luz, mas os serviços já foram normalizados.

Quatro escolas da rede pública municipal continuam com as aulas suspensas: uma está sendo usada como abrigo, outra como ponto de distribuição de doações, e duas estão passando por reparos. Nenhuma unidade de saúde da rede pública municipal chegou a ser afetada.

A superintendência do Bem-Estar Animal da Prefeitura resgatou cães e gatos e os devolveu aos seus tutores em suas residências ou nos abrigos. A ação só foi possível porque a Prefeitura já havia implantado chips em 900 animais da região, que foram castrados e identificados com dados dos seus donos, como telefone e endereço. Também houve arrecadação de medicamentos e ração para pets.

Reconstrução

A mobilização da prefeitura de Angra para acolher as famílias desabrigadas e recuperar a infraestrutura das regiões mais afetadas pelo temporal começou ainda na madrugada do último sábado. Mais de 100 funcionários trabalham na limpeza de ruas, rios, córregos e canais. Dezenas de veículos e máquinas, como caminhões e retroescavadeiras, são utilizados nos serviços.

No Quilombo de Santa Rita do Bracuí, que ficou três dias isolado por conta da obstrução das estradas de acesso, um mutirão da Prefeitura entregou 100 cestas básicas, 80 kits de higiene pessoal, 80 kits de limpeza e 40 fardos de água.

Os próximos dias devem marcar a conclusão das vistorias em áreas de risco e imóveis mais vulneráveis por parte dos técnicos da Defesa Civil de Angra. O objetivo é determinar quais desses imóveis têm condições adequadas para serem ocupados. Até o momento, já foram vistoriados 100 imóveis, dos quais 27 foram interditados.

R$ 209 milhões investidos

A ação rápida e coordenada da Prefeitura é resultado do investimento de R$ 209 milhões feito nos últimos dois anos na infraestrutura da cidade. Entre as obras realizadas no período estão desassoreamento de rios, córregos e canais, contenção de encostas, pavimentação e drenagem, que fazem parte de um esforço para reduzir o impacto de chuvas fortes.

Comuns na região da Costa Verde durante os meses mais quentes, os temporais potencialmente destrutivos tendem a se tornar mais frequentes, por conta das mudanças climáticas. Em abril de 2022, 11 pessoas morreram após chover 890 milímetros em 48h – o maior volume já registrado em Angra.

Atualmente, a Defesa Civil de Angra dos Reis está equipada com um sistema avançado de monitoramento climático, composto por três estações meteorológicas, 44 pluviômetros automáticos, um eficiente sistema de alerta via SMS, e 20 blocos de sirenes distribuídos em 26 bairros.

Foto: Wagner Gusmão/Prefeitura de Angra

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