Os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam que o início de 2025 não foi positivo para o mercado de trabalho em Volta Redonda. A cidade registrou saldo negativo na geração de empregos nos dois primeiros meses do ano, marcando um contraste em relação ao desempenho do ano passado. Curiosamente, a secretaria de Comunicação da Prefeitura, que frequentemente divulga os resultados do Caged, ainda não se manifestou sobre os índices recentes.
Em fevereiro de 2025, foram registradas 2.930 admissões contra 3.545 desligamentos, resultando em um saldo de -615. Em janeiro, os números também foram desfavoráveis: 2.551 admissões e 3.108 desligamentos, com saldo de -557. No acumulado de janeiro e fevereiro, o saldo é de -1.172 empregos.
O início de 2024 teve saldo positivo, em contraste com o atual cenário. Em fevereiro do ano passado, houve 3.091 admissões e 2.587 desligamentos, gerando um saldo de 504. No acumulado dos dois primeiros meses de 2024, o saldo positivo foi de 813.
Setores mais afetados
Ainda de acordo com o Caged, os segmentos que mais contribuíram para o saldo negativo na Cidade do Aço foram Indústria (-1.050 empregos), Comércio (-239 empregos) e Construção civil (-93 empregos). A Folha do Aço ouviu representantes desses setores sobre as perspectivas e possíveis medidas para reverter o cenário negativo.
O presidente do Sindicato do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Volta Redonda (Sicomércio-VR), Levi Freitas, explicou que a queda nas contratações é influenciada pela sazonalidade.
“Devido às contratações temporárias para o fim de ano, os desligamentos entre janeiro e fevereiro são maiores, pois o fluxo de consumidores volta ao normal após o Natal e o Ano Novo. Além disso, são meses de menor volume de negócios, por conta de despesas como impostos (IPVA, IPTU) e matrícula escolar”, pontuou.
Apesar do saldo negativo, Freitas destacou que 2024 terminou com um saldo positivo de mais de quatro mil vagas e que datas comemorativas como Páscoa e Dia das Mães podem impulsionar novas contratações.
Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Volta Redonda e região, Zeomar Tessaro, apontou que a chegada de trabalhadores de outros estados, especialmente do Nordeste, tem aumentado a rotatividade no setor.
“Muitos não se adaptam por conta da distância das famílias, da necessidade de morar em alojamentos e das condições salariais. Aqui, diferentemente do setor naval, há menos oportunidades de horas extras”, explicou, citando o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) como exemplos de locais que oferecem melhores condições para esses profissionais.
Barra Mansa e outras cidades da região
Enquanto Volta Redonda apresentou saldos negativos, a vizinha Barra Mansa registrou crescimento na geração de empregos. Em fevereiro, o município teve 1.635 admissões e 1.278 desligamentos, com saldo positivo de 357. O resultado superou janeiro, quando o saldo foi negativo em -165 (1.176 admissões e 1.341 desligamentos). No acumulado dos dois primeiros meses de 2025, Barra Mansa alcançou um saldo positivo de 192 empregos gerados.
Outros municípios da região também tiveram desempenhos distintos. Barra do Piraí e Piraí, por exemplo, apresentaram saldo negativo de -136 e -193 empregos, respectivamente.
Por outro lado, Angra dos Reis (339), Resende (226), Porto Real (108) e Pinheiral (25) tiveram saldo positivo na soma dos dois primeiros meses de 2025. A expectativa agora é que a retomada do consumo e as datas comemorativas impulsionem novas oportunidades no mercado de trabalho local.