“Sentimento de impotência”: nova morte de cavalo em VR reforça suspeitas envolvendo ração da Nutratta

Mais um cavalo morreu nesta quinta-feira (dia 13), em Volta Redonda, após consumo de ração da empresa Nutratta Nutrição Animal, que está no centro de uma crise sanitária nacional. A morte foi divulgada nas redes sociais por Ednardo Barbosa, ex-prefeito de Pinheiral e atual gestor administrativo do Hospital Regional Zilda Arns. Ele já havia perdido, em junho, sua égua Talentosa pelo mesmo motivo.

Ao jornal Folha do Aço, ele desabafou: “O sentimento é de impotência, sem saber quando realmente isso vai parar. Foram perdas inestimáveis – e não estou me referindo a valor. Eram animais que ajudavam na recuperação e ressocialização de muitas crianças, por exemplo”, disse Ednardo, ressaltando que, até o momento, a empresa não ofereceu nenhum tipo de suporte aos tutores afetados. “Ainda tenho a filha da minha égua, que também comeu essa ração, mas não apresentou sintomas”, completou.

A tragédia tem se repetido em várias cidades do país. Em Volta Redonda, a diretora do Clube Hípico Sul Fluminense, Christiane Carraro Gallucci, relatou que nas últimas semanas quatro cavalos morreram, elevando para 34 o total de óbitos apenas na entidade. Outros quatro animais seguem em tratamento.

Questionada sobre a situação da Nutratta, empresa responsável, Christiane é categórica: “Não tem situação. Eles nunca apareceram’.

A crise ultrapassa fronteiras regionais e já atinge mais de 280 cavalos mortos nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Alagoas. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) determinou a proibição do consumo de todos os produtos da Nutratta fabricados a partir de 22 de novembro de 2024, após identificar a presença de monocrotalina, substância tóxica que pode causar a morte de animais – especialmente equinos.

A decisão do Mapa se baseou não apenas na presença da toxina, mas também em falhas graves de controle de qualidade, como ausência de registros confiáveis e falta de rastreabilidade dos ingredientes usados na produção. Mesmo com testes independentes que não detectaram contaminações em alguns lotes, o ministério reforçou que o risco permanece alto e que o consumo deve ser interrompido imediatamente.

A Nutratta está sob investigação federal e teve a comercialização de suas rações suspensa em todo o país, sem prazo para liberação.

Entenda o caso

A primeira denúncia chegou ao Mapa em 26 de maio, pelo canal Fala.BR, relatando mortes de cavalos no interior de São Paulo. Fiscais foram à propriedade em Elias Fausto e identificaram suspeitas na ração fornecida aos animais. Nos dias 2 a 4 de junho, inspeções na fábrica da Nutratta revelaram irregularidades nos processos de produção.

Em 25 de junho, análises laboratoriais confirmaram a presença de monocrotalina, substância proibida para equídeos. O Mapa então instaurou processo administrativo e segue com o recolhimento dos lotes contaminados e com as investigações em andamento.

Foto: Redes Sociais

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