Com dificuldades para cumprir o cronograma, a conclusão da reforma do Alto-Forno 3 da Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda, deve levar mais tempo do que os 66 dias previstos inicialmente. Etapas do projeto original precisaram ser revistas nas últimas semanas, comprometendo a execução do reparo no equipamento.
A informação foi confirmada por pelo menos três pessoas consultadas pela Folha do Aço. “O planejamento deu errado”, garante uma das fontes. “Calcularam a menos a profundidade que deveriam limpar e, ao cortar (abrir) a lateral do forno, depararam com muito material endurecido, com isso estão tendo trabalho em dobro”, relatou.
Em meio aos contratempos surgidos, as empresas contratadas para execução do paradão estão cortando um verdadeiro dobrado, conforme diz o dito popular. Intervenções em diferentes pontos da estrutura física do #AF3 que não estavam previstos passaram a constar no projeto, elevando o risco da emissão de gases poluentes.
“O erro de avaliação no projeto fez com que incluíssem corte em equipamentos que não estavam previstos, e estes emitem muitos gases, poeiras tóxicas, entre outros. Diante dessa situação, parte dos trabalhos só está sendo realizada à noite e finais de semana na tentativa de fugir da fiscalização dos órgãos ambientais”, comentou uma pessoa com trânsito junto à empresa.
O atraso na reforma deve refletir ainda no aumento do custo final do contrato. Segundo relatos, vários equipamentos locados nem mesmo começaram a ser ligados. O investimento previsto inicialmente no reparo seria de R$ 250 milhões. Esta é a primeira grande reforma no Alto Forno 3 após quase 20 anos de campanha e muita reclamação por parta da população devido as constantes emissões de partículas poluentes.
Procurada pela reportagem, a CSN informou, por meio da assessoria de imprensa, “que as obras não obedecem a um cronograma fixo”. A empresa informou também que neste período de ausência de demanda nas áreas da Aciaria e Coqueria, está promovendo reforma em outras áreas da Usina de Volta Redonda.
A previsão é que seja investido cerca de R$ 200 milhões em melhorias na Aciaria, Carboquímicos, Sinterização, Utilidades e Central Termo Elétrica 01 e 02 e Laminações, que tiveram as atividades reduzidas devido ao paradão. Foco As manutenções no #AF3 têm como um dos seus principais focos a eficiência ambiental, principalmente na redução nas emissões de material particulado, o chamado ‘pó preto”.
Antes mesmo do início da obra, a CSN reiterou que a solução definitiva do problema acontecerá a partir da reforma total das Sinterizações, um dos itens do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela CSN em 2018 no valor de mais de R$ 300 milhões, que prevê uma série de melhorias durante os próximos anos. Todos estes investimentos estão sendo realizados dentro do cronograma firmado entre a CSN e o órgão ambiental. Estão sendo gerados cerca de 4.500 empregos temporários.
Reforma
O Alto-Forno 3 da CSN foi inaugurado em 1978 e cada campanha tem vida útil de aproximadamente 20 anos. A última grande reforma aconteceu em 2000. Os principais equipamentos que formam o AF3 serão substituídos por novos. Isso inclui: o cadinho e staves, sala elétrica dos motossopradores, além da substituição dos equipamentos de topo e periféricos, e a reforma da CBR#4 (Casa de Bomba de Recirculação).