Funcionários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) que costumam acompanhar com atenção os resultados obtidos pela empresa – com a esperança de que os números favoráveis reflitam em um polpudo Programa de Participação nos Resultados (PPR) – ficaram apreensivos na noite de quarta-feira (dia 9). Afinal, o grupo liderado pelo empresário Benjamin Steinbruch anunciou que registrou um lucro líquido de R$ 1,060 bilhão no 4º trimestre de 2021, o que significa queda de 3,6 vezes ao reportado no mesmo período de 2020, de R$ 3,896 bilhões.
No entanto, os números refletem uma projeção de cenário favorável para os próximos meses. Isso porque, a CSN aproveitou o aumento da demanda por matérias-primas com a retomada econômica após a paralisação forçada pela pandemia da covid-19. A empresa registrou lucro líquido de R$ 13,6 bilhões em 2021, um aumento de 217% – ou seja, mais do que o triplo – em relação ao ano anterior.
O resultado também foi impulsionado pelo ganho na oferta pública de ações da CSN Mineração e da venda de parte da participação que a companhia detém na Usiminas. No quarto trimestre, porém, a CSN não conseguiu manter o mesmo ritmo dos meses anteriores. O lucro da companhia apresentou uma queda de 20% no trimestre e de 73% na comparação com o mesmo período de 2020 e somou R$ 1,061 bilhão.
Apesar da desaceleração nos últimos três meses do ano, a CSN registrou Ebitda recorde em 2021. O indicador de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização atingiu R$ 22 bilhões, um avanço de 91%.
A margem Ebitda – um indicador da lucratividade operacional da companhia – registrou um aumento de 7,7 pontos percentuais, para 44,8%. “O ambiente favorável de preços e o aumento no volume de vendas em todos os segmentos foram fatores que contribuíram para esse resultado”, escreveu a CSN, no relatório que acompanha o balanço.
Os negócios de siderurgia responderam por 62,8% da receita líquida da CSN em 2021. A atividade de mineração representou 37,7% do total. Em seguida, aparecem as operações de logística, com 4,5%, cimento (3%) e energia (0,5%).
Dívida líquida melhor do que a meta
A CSN também aproveitou o momento favorável para reduzir o nível de endividamento. A dívida líquida da siderúrgica encerrou o ano passado em R$ 16,772 bilhões.
O número, que equivale a 0,76 vez o Ebitda ajustado, ficou abaixo da meta da companhia, que esperava atingir uma relação entre dívida e Ebitda de uma vez no fim de 2021. Para efeito de comparação, essa relação chegou a 3,67 vezes no terceiro trimestre de 2020.
Dividendos
A CSN vai pagar o equivalente a 25% do lucro de 2021 aos acionistas. O conselho de administração da siderúrgica aprovou a distribuição de R$ 904,5 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,67 por ação CSNA3. Esse valor se soma aos R$ 257 milhões em juros sobre o capital declarados em dezembro.
Além dos dividendos, a CSN abriu no fim do ano passado um novo programa de recompra para a aquisição de até 30 milhões de ações. Desse total, a companhia já adquiriu 97% do total.