No dia 14 de janeiro deste ano, a funcionária pública aposentada D.M.F., de 65 anos, foi vítima do chamado “Golpe do Pix”. Um dos filhos estava em um evento a trabalho no Rio de Janeiro, quando a idosa recebeu uma mensagem em seu celular. O número era diferente, mas a foto de perfil era a mesma utilizada por seu rebento.

“Era uma pessoa se passando pelo meu filho, inventando que tinha dado problema no telefone, que tinha deixado o aparelho na assistência técnica e que precisava de R$ 1 mil para pagar o conserto. Disse ainda que o Pix deveria ser feito diretamente para o rapaz da assistência técnica, já que ele, meu filho, estava sem celular e, portanto, sem acesso ao aplicativo do banco. Uma história bem convincente”, conta a vítima. Preocupada com o filho em outra cidade, ela sequer tentou contato e não hesitou em fazer o Pix no valor solicitado.

Horas depois, o segundo golpe. Os criminosos voltaram a mandar mensagem para a aposentada, dessa vez com uma nova história. “Disse que o telefone não tinha conserto e seria preciso comprar um novo aparelho. Para isso, precisavam de mais R$ 800. Caí de novo”. Audaciosos, os golpistas criaram um terceiro argumento para extorquir ainda mais dinheiro da vítima. E foi só nesse momento que ela se deu conta de que caiu em um golpe.

O caso de D.M.F., moradora de Volta Redonda, não é isolado. Pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aponta que pessoas acima de 60 anos são o maior alvo de golpes e tentativas de fraude. De acordo com o levantamento, desde o início da pandemia, as tentativas de golpes financeiros contra idosos aumentaram cerca de 60%. O fato de normalmente serem menos desconfiados, possuírem economias e crédito forte nas instituições faz dos idosos um alvo perfeito.

Explosão de casos

Um recente levantamento realizado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) mostrou que, só neste ano, no período de janeiro a maio, o estado do Rio de Janeiro registrou 51.513 ocorrências por estelionato. O número é o maior desde o início da série histórica, em 2003, e representa um aumento de 116% em relação ao mesmo período do ano passado.

O interior do estado aparece no relatório com o maior aumento em comparação com 2021, com 150% a mais de casos. Só neste ano, os municípios fluminenses receberam 11.510 denúncias sobre esse tipo de crime contra 4.603 no mesmo período do ano anterior.

Em Volta Redonda, já foram registrados 679 casos de estelionato, no período de janeiro a maio de 2022. No ano passado, entre os mesmos meses, foram 541 registros.

No município de Barra Mansa, só neste ano, a polícia já registrou 354 ocorrências sobre este tipo de crime, um número quase quatro vezes maior que os 101 registros feitos no ano passado. Já na cidade de Resende, foram 528 casos de estelionato nesses cinco primeiros meses do ano, contra 135 no mesmo período de 2021.

O delegado Luiz Jorge Rodriguez, titular da 93ª DP (Volta Redonda), destaca algumas dicas para evitar cair em golpes. “Desconfie de qualquer vantagem. Ninguém dá nada de graça a ninguém. Evite também pagamentos via transferência bancária. Baixe o boleto, pesquise online, converse com seu gerente de banco. E a última dica é: trate o negócio com diretamente com o proprietário, evite intermediário. Essas dicas vão te evitar cair em golpes e reduzir, no mínimo, 90% das chances desse estelionatário continuar obtendo vantagens ilícitas em prejuízo de você”, Rodriguez.

*Nesta reportagem, o nome da vítima foi preservado devido ao trauma gerado após a extorsão. Cabe informar que, depois deste caso em janeiro, os golpistas tentaram fazer contato com D.M.F por três vezes, sendo a última delas há duas semanas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.