Uma iniciativa dos professores e alunos do curso de Odontologia do UniFOA pretende trazer de volta o sorriso no rosto de moradores em situação de rua de Barra Mansa. Para se ter uma ideia, no Brasil, pelo menos 26.447 pessoas foram morar nas ruas em 2022. Essa população saltou de 158.191 em dezembro de 2021, para 184.638 no mês passado. Os dados foram retirados do CadÚnico, banco de dados do governo federal que é alimentado pelas prefeituras. 

O projeto capitaneado pelas professoras Rosiléa Hartung, coordenadora do curso, e Alice Feres, surgiu a partir do trabalho voluntário em que ambas participam com o grupo “De mãos dadas”. A ação oferece assistência, atendimento básico e grátis aos moradores nas clínicas integradas do curso, no Campus Olezio Galotti, em Três Poços. 

“O projeto ‘De mãos dadas’ oferece vários tipos de serviço à população em situação de rua, desde entrega de almoços, ações como entrega de material de higiene bucal, roupa, cobertor, entre outros. É um projeto muito além de só entregar comida. Eles muitas vezes querem apenas serem ouvidos e conversar”, contou Alice. 

A partir daí as professoras tiveram a iniciativa de criar um projeto de pesquisa para fazer um levantamento sobre a qualidade de vida, saúde bucal e de que maneira isso impacta na vida dos moradores. Atualmente, é feito um levantamento epidemiológico pela equipe do projeto, e uma pesquisa com perguntas básicas como “o que sua saúde bucal impacta na sua vida?”, entre outras. 

“Para mim foi uma alegria e satisfação, porque eu consegui juntar uma coisa que é pessoal, juntamente com o trabalho: poder ajudar as pessoas e a quem mais precisa”, disse Alice. 

Nesse primeiro momento, são atendidas três pessoas que chegam à clínica da instituição em um carro cedido pela prefeitura de Barra Mansa e recebem todos os cuidados dos estudantes do curso com a supervisão dos professores. E conforme os atendimentos forem se encerrando, a ideia é a de que outros moradores sejam contemplados pelo projeto. 

“Eu fui conversar com o presidente da FOA, Eduardo Prado, sobre a inciativa, esse projeto e a possibilidade de isenção nas taxas da clínica, e imediatamente ele concordou em isentar as taxas. É uma oportunidade ímpar estarmos oferecendo esse serviço, porque isso é responsabilidade social, e esse é um dos papéis do Centro Universitário”, comentou a coordenadora do curso, Rosiléa Hartung. 

Além do trabalho de resgate ao bem-estar e o auxílio na reinserção dos indivíduos na sociedade e mercado de trabalho, também estimula a cidadania nos alunos, pois é um papel fundamental na formação dos novos profissionais. 

“Falar de odontologia humanizada é muito óbvio, pois você é um ser humano cuidando de um igual. Quanto mais realidades diferentes nós acompanharmos e observarmos e tentarmos mudar, melhor nos tornamos, como pessoa e profissionais”, observou Laura Damato, que cursa o 6º período. 

A aluna do 10º período, Bárbara Siqueira enxerga esse trabalho como uma missão muito grande, pois está desenvolvendo seu papel quanto profissional e devolvendo a autoestima a quem mais precisa. “Eu tenho certeza que qualquer outro paciente que eu for atender agora, irei atender com outros olhos, com ainda mais sensibilidade e uma atenção maior”, disse. 

Diferença entre morador de rua x pessoa em situação de rua 

Muitas pessoas se confundem na hora de falar, pois ambas palavras são tidas como sinônimos, mas possuem algumas diferenças. “Morador de rua”, estamos falando de pessoas que vieram a viver nas ruas por diversos motivos. É um termo com mais peso, pois é como se a residência permanente desse indivíduo fosse a rua. Já “pessoa em situação de rua”, é uma forma mais temporária, pois são pessoas que dormem em praças, debaixo de viadutos, mas durante o dia vão para outros lugares. 

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