Enquanto os astros do futebol disputam a Copa do Mundo nos gramados dos suntuosos estádios do Qatar, quem espera ter motivos para comemorar é o comércio de varejo em terra brasileira. O otimismo para o evento é grande não apenas com o hexacampeonato, como também da parte dos empresários dos mais diversos segmentos, que almejam uma guinada nos negócios impulsionados pela maior competição do planeta.

Se as estimativas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) confirmarem, os setores de comércio e de serviços devem bater um verdadeiro bolão nas vendas neste fim de ano. Levantamento feito pelas duas entidades prevê uma injeção de R$ 20,3 bilhões na economia brasileira, um alento para o ramo após dois anos delicados em razão da pandemia.

Na cidade de Volta Redonda, lojas de inúmeros segmentos vêm sendo impactadas diretamente com a Copa do Mundo, demonstrando que os resultados da competição transcendem os campos. O fomento pela compra de roupas nas cores da bandeira nacional já era notório meses antes do início do mundial.

Thatiana Rambaldi, proprietária de uma loja na Vila Santa Cecília, conta que se surpreendeu com o movimento antecipado. “A procura veio bem antes e acabei tendo que fazer reposição várias vezes de tshirts do Brasil, que são as mais vendidas. Além delas, peças com as cores da nossa bandeira também saem bastante, sem ser exatamente a estampa da Copa”, conta a comerciante. “Depois da pandemia, percebi que o cliente está mais consciente na hora de comprar e como a Copa neste ano está próxima do verão, a ocasião ficou perfeita para aproveitar os looks e usar as cores do Brasil mesmo depois dos jogos, principalmente o verde, que é uma das tendências que prometem estar na próxima coleção”, detalha.

A lojista brinca lembrando a diversidade no comércio nos últimos dias. “Metade Copa, metade Black Friday e com gorro do Papai Noel. Espero que o Brasil ganhe e que a empolgação tome conta do brasileiro, impulsionando as vendas do Natal”, demonstra esperança Thatiana.

A empresária Thaís Andrade, dona de uma loja no Santo Agostinho, em Volta Redonda, e outra no Centro de Barra Mansa, se antecipou e preparou, há meses, suas araras para o evento Copa do Mundo. “Trouxemos peças nas cores da bandeira do Brasil e investimos em divulgação nas redes sociais, com conteúdos interativos como combinação de looks verde, azul, amarelo e branco”, relata.

Thaís acrescenta que um vídeo feito para divulgar a Black Friday com o tema Copa do Mundo fez triplicar o movimento nas lojas. “Pensando nos nossos clientes, também distribuímos brindes, como copo personalizado nas cores do Brasil. O movimento vem superando minhas expectativas. A maioria das blusas estamos precisando repor diariamente, com isso já conseguimos sentir o movimento para o Natal que se aproxima e estamos confiantes em um mês de sucesso”, observa.

Bares e restaurantes

Outro setor que certamente terá bons lucros no período é o de bares e restaurantes. Por toda a Cidade do Aço, já é comum ver estabelecimentos decorados em verde e amarelo. Telões de alta resolução também foram instalados para que as famílias e os amigos possam se reunir e acompanhar as partidas em grupo. O movimento, aliás, também deverá ser impulsionado com o pagamento do 13º salário aos trabalhadores.

Gerente do Barão, no bairro Monte Castelo, Guilherme Carvalho falou sobre a expectativa de público para os dias de jogos da seleção brasileira e citou alguns dos atrativos para receber a clientela. “Pensamos e criamos promoções, que irão acontecer durante as partidas do Brasil, como preço diferenciado de chopes, dose dupla de gin e pratos clássicos da casa. Também enfeitamos o restaurante todo, além do telão e da música ao vivo”, ressalta Guilherme.

Aline Cândido, supervisora geral do Barão, lembra que a Copa do Mundo também estimula a abertura de novos postos de trabalho. “A gente sempre contrata profissionais extra por conta da demanda maior. Estamos confiantes de que será um período muito bom para todo mundo”, acrescenta.

A tese da supervisora está alinhada com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) que, segundo pesquisa, aponta que, apenas em bares e restaurantes, o campeonato da FIFA deve gerar 7.750 mil contratações temporárias. Ainda de acordo com a CNC, entre as vagas temporárias, as de garçom e auxiliar respondem pela maioria (23,4%) dos postos, seguidas pelas oportunidades para cozinheiro (15,6%) e atendente de lanchonete (15%).

Em Volta Redonda, cerca de duas mil vagas de emprego temporário devem ser abertas até dezembro, visando atender à demanda maior de consumidores não só pela Copa, como também em busca de presentes, de lazer e confraternizações neste período do ano. Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Volta Redonda (Sicomércio-VR), Levi Freitas, o número reforça o atendimento on-line, uma vez que as plataformas digitais se tornaram vitrines, principalmente, nas redes sociais.

“Hoje em dia, além de reforçar o time da loja física, é preciso ainda se preocupar com o atendimento virtual, já que muitos consumidores buscam a informação primeiro na internet, consultam as redes sociais. Então, é importante ter uma resposta rápida, além de atualizar diariamente”, comentou.

E se os bares e restaurantes tendem a lotar nos próximos dias, os salões de festas dos prédios, quintais e terraços também prometem agitar aqueles que preferem torcer de casa. É aí que os mercados, as distribuidoras de bebidas e os açougues devem faturar.

João Luís Baylão, proprietário de um açougue na Vila Americana, está com boas expectativas e espera um movimento maior nas datas em que o time do técnico Tite entrar em campo. “Apesar da falta de dinheiro do brasileiro, sempre dá uma melhorada nos dias de jogo do Brasil”, disse.

O comerciante destaca a ‘escalação’ de itens mais procurados para o churrasco. “Picanha, costela, asa, linguiça, pão de alho e, claro, não pode faltar a cerveja”, lista.

TV

Outro setor que marcou pontos antes mesmo de o Brasil fazer gols foi o de comércio de TVs. De acordo com a CNC, a compra desse produto relacionada diretamente à Copa do Mundo movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão na economia brasileira, um percentual 7,9% maior que o registrado no mundial de 2018.

O Rio de Janeiro aparece na pesquisa como o terceiro estado com maior volume de vendas de TVs para o período (R$ 139 milhões), perdendo apenas para São Paulo (R$ 516 milhões) e Minas Gerais (R$ 141 milhões).

Já que novembro e dezembro são os meses mais esperados pelos lojistas, a Copa do Mundo só tem a agregar positivamente às expectativas de vendas no fim de ano, também estimuladas pela Black Friday e o Natal, melhor data para o mercado brasileiro. Segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas de Volta Redonda (CDL-VR), a previsão é de um acréscimo de 10% nas vendas em relação a dezembro do ano passado e cerca de 30% em comparação a outros meses do ano.

“Estamos muito otimistas, porque há vários motivos para vender mais. Além disso, o consumidor está mais confiante em gastar, porque o mercado de trabalho melhorou com a volta do crescimento econômico. Os empresários também investiram mais neste ano, renovando estoques, fazendo promoções. Acreditamos muito que dezembro será um excelente mês para o comércio”, finalizou o presidente Gilson de Castro.

Foto: arquivo pessoal

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