Na noite do último dia 20, o que seria uma tranquila caminhada se transformou em um pesadelo para a professora Thaís de Oliveira, moradora do bairro Tiradentes. Ao passear com seus dois cães e seu filho, ela foi surpreendida por um ataque de um pitbull, que deixou ferimentos físicos e traumas psicológicos.
“Comecei a gritar por socorro, muita gente apareceu, mas ninguém sabia como ajudar”, relembra Thaís, ainda abalada. O cão a derrubou junto com seus animais, arrastando-os por um barranco até caírem no córrego da Rua 850-A. Em meio ao desespero, Thaís viu sua cadela Mel, uma vira-lata de 9 anos, ser afogada e mordida enquanto lutava para se manter à tona. A brutalidade do ataque e a impotência das testemunhas ficaram marcadas em sua memória.
“Meu filho ficou em estado de choque, paralisado”, conta. A ajuda veio de um rapaz e uma mulher que, em meio ao caos, se atiraram nas águas para socorrê-los. O pitbull só foi contido quando uma das testemunhas aplicou um mata-leão no animal, forçando-o a soltar Mel.
Populares acionaram a Polícia Militar, enquanto Thaís correu com Mel para o veterinário. Por sorte, as mordidas do pitbull não atingiram a jugular da cadela, mas ela precisou levar diversos pontos no pescoço. Mesmo encharcada e coberta de lama, Thaís registrou o caso na 93ª Delegacia de Polícia Civil, no Aterrado. Depois, seguiu para o hospital para tratar seus próprios ferimentos e receber vacinas antitetânica e antirrábica. No dia seguinte, passou por um exame de corpo de delito.
Além dos ferimentos, Thaís agora enfrenta o trauma psicológico. “É difícil dormir. Quando fecho os olhos, vejo o cão vindo em nossa direção novamente”, desabafa.
Pitbull já atacou outras vezes, segundo vizinhos
O caso de Thaís não é isolado. Vizinhos relatam que o pitbull frequentemente circula solto pelo bairro e já atacou outras pessoas e cães, levantando dúvidas sobre a responsabilidade dos tutores. Thaís afirma que apenas uma pessoa, representando a família do dono, entrou em contato, pedindo as notas dos gastos com os medicamentos de Mel.
O delegado da 93ª DP, Vinícius Coutinho, informou que a responsável pelo cachorro já foi identificada e intimada a prestar depoimento. “Ao final da investigação, ela poderá ser responsabilizada pela omissão de cuidados com o animal e pelas lesões causadas. Ter um animal exige responsabilidade, tanto nos cuidados quanto nos potenciais danos que ele pode causar a terceiros”, explicou o delegado. Denúncias podem ser feitas à Coordenadoria de Bem-Estar Animal de Volta Redonda pelos telefones (24) 3350-7314 ou (24) 3350-7123.
Lei estadual proíbe pitbulls sem focinheira em vias públicas
A lei estadual 4.597/05, do Rio de Janeiro, estabelece normas rigorosas para a posse de pitbulls. Entre elas, a proibição da circulação em locais públicos sem focinheira e enforcador adequados, além de ser conduzido por maiores de 18 anos. O descumprimento pode gerar multas de 5 a 5.000 UFIRs, que dobram em casos de reincidência, além de apreensão do animal e obrigatoriedade de reparação dos danos causados.
Tentamos o contato dos tutores do pitbull, porém sem sucesso. O espaço está aberto, caso ele queira se pronunciar.