No próximo domingo, 20 de outubro, será comemorado o Dia Mundial de Combate ao Bullying, mas a data vem acompanhada de um caso grave que ocorreu no bairro Vila Rica, em Volta Redonda. Um menino de 12 anos foi atacado física e verbalmente por dois rapazes, supostamente maiores de idade, durante um momento de lazer na quadra entre as ruas 24 e 27.
A mãe da criança, Camila Marcos, relatou que seu filho foi convidado por colegas para brincar, mas acabou se tornando vítima de violência. Os agressores chamaram o menino de “gordo”, “obeso” e “vovózona”, antes de partir para a agressão física, derrubando-o no chão e golpeando suas costas e barriga com pedaços de madeira. Outras crianças, incluindo uma colega de escola da vítima, também se envolveram na agressão, que a mãe classificou como algo muito além de uma “brincadeira de mau gosto”.
Camila, visivelmente abalada, afirmou: “Eu estou sem comer direito. Uma situação muito triste. Havia adultos no local que não fizeram nada. É muita maldade, muita covardia. Estou pedindo a Deus sabedoria e discernimento para conduzir a situação e para que os responsáveis sejam identificados e respondam pelo crime que cometeram.”
O menino, que é autista, hipertenso, cardíaco e diagnosticado com TDAH, voltou para casa profundamente abalado. “Ele voltou para casa molhado, após ter sido jogado no chão e encharcado com garrafas de água pelos agressores. A pressão arterial dele subiu descontroladamente e tivemos que antecipar consultas médicas e procurar ajuda psicológica”, explicou Camila.
A família está em busca de informações na vizinhança para identificar os agressores e encontrou uma testemunha, um vendedor de caldo de cana, que presenciou a situação e tentou confrontá-los antes que eles deixassem o local. Apesar do esforço, até o momento, não se sabe a identidade dos responsáveis.
“Registrei um boletim de ocorrência na delegacia para que as autoridades investiguem o caso. Espero que imagens de câmeras de segurança próximas possam ajudar na identificação dos agressores, já que a violência e o bullying são crimes graves. Precisamos de uma sociedade melhor. Esses jovens e adolescentes precisam entender que esse tipo de comportamento é inaceitável”, desabafou.
Consequências do bullying
Segundo a psicopedagoga Leondina Zanut, o bullying deixa cicatrizes que a criança ou adolescente vai carregar a vida toda. “Só quem passa pelo bullying sabe explicar o quanto é dolorido e, em se tratando de ambiente escolar, as consequências são muito graves. A vítima começa a ter perdas acadêmicas, pode sofrer de síndrome do pânico e acaba se afastando da sociedade, passando a ter um mundo muito particular de sofrimento”.
Leondina explica que, apesar de ser crime e de toda a informação disponível, as pessoas não estão se conscientizando. “A gente precisa acabar com o bullying. A sociedade precisa dar as mãos e passar a ter tolerância zero com o racismo, o obeso não precisa sofrer porque ele é obeso, o magro não precisa sofrer porque ele é magro, o negro não precisa sofrer porque ele é negro. Todos nós temos uma característica.”
Dados Alarmantes
O Brasil ocupa a 2ª posição no ranking de países com mais casos de bullying. Ou seja, 30% desse tipo de agressão contra crianças e adolescentes em todo o mundo acontecem no Brasil. O levantamento é da Ipsos, empresa de pesquisa de mercado, e aponta que desde 2018 o Brasil não sai do topo da lista.
Desde abril deste ano, uma lei passa a considerar tanto o bullying quanto o cyberbullying como crimes. Se as práticas não envolveram crimes mais graves, para o bullying, a pena é de multa. E no caso do cyberbullying, reclusão de 2 a 4 anos e multa.
Imagem ilustrativa