A divulgação dos resultados anuais da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é sempre aguardada com grande expectativa, especialmente pelos seus funcionários, que enxergam esses números como indicativos diretos para negociações de reajustes salariais e aumento na Participação nos Lucros e Resultados (PPR). Na manhã desta quinta-feira (dia 13), a CSN apresentou os resultados financeiros do quarto trimestre de 2024 e do ano, revelando uma reversão de lucro para prejuízo e um cenário de queda em alguns indicadores-chave da operação.
A empresa controlada pelo empresário Benjamin Steinbruch apresentou um prejuízo líquido de R$ 85 milhões no quarto trimestre de 2024, uma reversão em relação ao lucro de R$ 851 milhões registrado no mesmo período de 2023. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciação), que costuma ser um dos principais indicadores nas negociações dos acordos coletivos dos metalúrgicos, foi ajustado para R$ 3,335 bilhões, uma queda de 8% em relação ao ano anterior. Já a receita líquida somou R$ 12,026 bilhões, com alta de 0,2%.
No acumulado do ano, a CSN registrou um prejuízo líquido de R$ 1,538 bilhão, revertendo o lucro de R$ 403 milhões de 2023. O Ebitda ajustado foi de R$ 10,230 bilhões em 2024, uma queda de 14,1% em comparação ao ano anterior. A receita líquida totalizou R$ 43,688 bilhões, com uma diminuição de 3,9% em relação a 2023.
Apesar do prejuízo no último trimestre e no ano, o desempenho das vendas da CSN apresentou resultados positivos. A empresa registrou vendas de aço de 1,175 milhão de toneladas no quarto trimestre, uma alta de 10,4% em comparação ao mesmo período de 2023. As vendas de minério de ferro somaram 10,731 milhões de toneladas, uma queda de 3,7% em relação ao ano anterior. A dívida líquida consolidada atingiu R$ 35,704 bilhões, com um aumento de 16,4% sobre o mesmo período de 2023.
Na siderurgia, a operação da CSN, que tem a Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda, como sua principal unidade, deu importantes passos na normalização operacional e na recuperação da rentabilidade. O Ebitda ajustado da siderurgia foi de R$ 655,9 milhões no 4T24, com uma margem de 10,6%, superando os dois dígitos pela primeira vez nos últimos sete trimestres, com um aumento de 4,2 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior.
Cimento
O segmento de cimento também apresentou números positivos, apesar da sazonalidade do trimestre. A companhia conseguiu compensar o menor volume de vendas com aumento de preços, gestão de custos e otimização dos modais logísticos e de distribuição, resultando no maior Ebitda já registrado para o segmento, de R$ 386 milhões, com uma margem de 33% no 4T24.
Em mineração, 2024 foi um ano de recordes operacionais, com a companhia superando seus guidances e alcançando volumes recordes de produção e embarques. No 4T24, o Ebitda ajustado da mineração atingiu R$ 2 bilhões, com uma margem superior a 50%, beneficiada pela trajetória ascendente do preço do minério.
O mercado de aço também teve uma performance destacada. A produção de aço da CSN atingiu 3,786 milhões de toneladas em 2024, um crescimento de 14,9% em comparação a 2023. Esse desempenho foi impulsionado pela normalização e eficiência da Usina Presidente Vargas, após as paradas programadas de manutenção.
Vendas
Em termos de vendas, a CSN registrou o melhor ano desde 2022, com um total de 4,551 milhões de toneladas vendidas em 2024, um crescimento de 9,2% em relação ao ano anterior. As vendas no mercado doméstico, especialmente em aço longos, apresentaram forte desempenho, representando 3,273 milhões de toneladas vendidas, com um aumento de 12,2%. No mercado externo, as vendas somaram 299 mil toneladas, com um pequeno declínio de 1,1% em relação ao trimestre anterior.
A receita líquida da siderurgia no quarto trimestre de 2024 atingiu R$ 6,163 milhões, 9% superior ao mesmo período de 2023, refletindo o bom desempenho comercial da companhia. O preço médio do aço no mercado externo apresentou uma queda de 14,2%, devido à desvalorização cambial, mas no mercado interno o preço médio subiu 0,8%, impulsionado pelos reajustes nos aços longos.
Embora o custo da placa tenha aumentado 4,3% em relação ao trimestre anterior, devido à alta do custo das matérias-primas, o Ebitda ajustado da siderurgia atingiu R$ 656 milhões, um aumento de 68,8% sobre o trimestre anterior. No acumulado de 2024, o Ebitda ajustado da siderurgia somou R$ 1,603 bilhões, com uma margem de 6,9%, representando uma redução de 1,1 ponto percentual em relação a 2023.