VR: Desempenho no Enem escancara desigualdade entre escolas públicas e privadas, diz psicopedagoga

Enquanto os dados do Enem 2024 mostram médias acima de 600 pontos entre alunos de escolas particulares, as instituições públicas ficaram na casa dos 514. Para a psicopedagoga Leondina Zanut, esses números não devem ser lidos como um retrato fiel da capacidade dos estudantes, mas sim como um reflexo da desigualdade estrutural do sistema educacional brasileiro. “Esse ranking não mede a capacidade intelectiva dos alunos, mas a falta de acesso. É injusto. Mostra claramente a desigualdade no ensino do Brasil”, afirma.

Leondina destaca o contraste entre as realidades vividas nas escolas públicas e privadas. Enquanto estas oferecem alimentação adequada, salas de aula com tecnologia, professores valorizados e materiais atualizados, a rede pública convive com a falta de recursos, professores desvalorizados, estudantes mal alimentados e a ausência de apoio pedagógico e emocional. “Os alunos da escola pública não têm a mesma infraestrutura das escolas particulares. E não é por falta de capacidade, mas por falta de suporte e políticas públicas que garantam dignidade para todos”, enfatiza.

Para a especialista, o Enem apenas evidencia o que já se sabe: onde há investimento, há resultado; onde falta equidade, sobra exclusão. Ela defende políticas de reforço escolar, simulados constantes, formação continuada de professores e um olhar mais justo sobre o processo de aprendizagem. “Quando a educação começar do mesmo lugar para todos, poderemos sonhar com resultados de qualidade e justiça educacional para todas as classes”, conclui.

Desafios e caminhos para fortalecer a base educacional

A pedagoga Vanda Moreira Eurico Lacerda, do Centro de Aprendizagem e Inovação Pedagógica (CAIP) do UniFOA, concorda que o ensino básico no Brasil, especialmente na rede pública, ainda enfrenta sérios desafios para preparar adequadamente os estudantes para o ingresso e permanência no ensino superior. Apesar desse cenário, Vanda destaca o papel essencial das universidades na construção de alternativas.

Instituições como o UniFOA têm atuado diretamente nesse processo por meio de parcerias com escolas públicas, promovendo visitas às universidades, ações de orientação e programas de preparação. “Essas iniciativas demonstram um compromisso com a melhoria da educação e com o fortalecimento da base dos estudantes no interior do estado”, afirma.

Para que os jovens cheguem mais bem preparados à universidade, Vanda defende uma estrutura básica composta por três pilares: a valorização dos professores, com salários dignos e tempo suficiente de dedicação à escola; a oferta de oportunidades de formação continuada, com bolsas de estudo e apoio financeiro, tanto para docentes quanto para alunos; e a intensificação de programas de nivelamento e preparação voltados especialmente a estudantes da rede pública.

Ela também enfatiza a importância de currículos mais dinâmicos e interativos, que utilizem metodologias ativas e estimulem o protagonismo dos alunos. “Os estudantes precisam desenvolver competências como reflexão crítica, autonomia e capacidade de resolver problemas, o que é essencial para enfrentar os desafios do ensino superior”, destaca.

Mesmo reconhecendo que ainda há um longo caminho a percorrer, Vanda enxerga um movimento positivo em curso. “Estamos longe do ideal, mas os esforços conjuntos de educadores, instituições e universidades indicam uma direção promissora para transformar a realidade educacional e ampliar o acesso de forma mais justa e qualificada ao ensino superior”, conclui.

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