Barra Mansa viveu dias de tensão após quatro assassinatos em menos de 48 horas, que espalharam boatos de toque de recolher e aumentaram o clima de insegurança na cidade. Na quarta-feira (dia 24), uma megaoperação das polícias Civil e Militar prendeu o suspeito de um duplo homicídio ocorrido no bairro Nove de Abril, no último domingo (dia 21).
Em entrevista exclusiva à Folha do Aço, o comandante do 28º Batalhão de Polícia Militar, coronel Moisés Pinheiro Sardenberg, afirmou que a corporação está atuando com firmeza e buscou tranquilizar a população: “Quem não está envolvido com o crime não precisa ter medo. As mortes que ocorreram atingiram, na sua maioria, pessoas que construíram o fim que tiveram”.
Folha do Aço – O último fim de semana foi marcado por homicídios em Barra Mansa. Como a PM está trabalhando para devolver a sensação de segurança à população?
Coronel Sardenberg: Com o que fazemos de melhor: prisões! Cabe esclarecer que as mortes, se não todas, em sua maioria atingiram pessoas que construíram o fim que tiveram. Pense comigo: elas se armaram e decidiram matar integrantes da facção rival, a investida territorial foi malsucedida; foram para matar e, todavia, morreram. Não quero aqui qualificar as mortes, mas tranquilizar a população de bem, porque quem está morrendo, repito, construiu esse fim. Logo, se quem nos lê não estiver cometendo ou envolvido com o crime, não há o que temer.
A guerra entre facções tem se tornado um problema recorrente em várias cidades. Como a PM atua para evitar que esses confrontos atinjam moradores inocentes?
Fazendo o que sabemos fazer: prisões! Intensificamos o patrulhamento, alocando viaturas até mesmo de outras cidades, com apoio de unidades de outros batalhões oriundos do Comando Intermediário. O 28º BPM tem prendido muito, e nossos policiais têm se dedicado de corpo e alma à segurança da população. Tanto é verdade que os índices de segurança são os melhores dos últimos 20 anos, conforme o ISPGeo. Todavia, no caso dos homicídios, os números não são bons. Reforço o que disse: quem está morrendo construiu o próprio fim. Esse tipo de crime, guerra de facções, é de difícil prevenção, porque o fator surpresa está sempre ao lado deles, e não temos recursos para cobrir todas as comunidades. Por isso, a participação da população, fornecendo informações, é extremamente relevante.
O senhor destacou que policiais vão abrir mão de folgas para reforçar o patrulhamento. Esse tipo de medida é emergencial, mas quais ações de médio e longo prazo estão em andamento para enfrentar o crime organizado?
Somos Polícia Preventiva, um elo apenas dessa “corrente” chamada segurança pública. Fazemos o que nos cabe: prisões, e mais prisões. Vou exemplificar: só este mês prendemos o “Luan” e o “Juan” duas vezes pelo mesmo crime de tráfico de drogas em Barra Mansa. Não sei quem os soltou, até desconfio que nossa legislação não ajuda, mas pergunto: não seriam outros órgãos de segurança pública, com suas falhas, que deveriam responder a essa pergunta? Eu, particularmente, entendo que o elo “28º BPM” é um dos mais resistentes.
Em momentos de tensão, como na segunda-feira (22), circulam muitos boatos de toque de recolher ou ataques. Até que ponto as fake news atrapalham o trabalho da polícia?
O pânico faz com que as pessoas vejam fantasmas; o medo difuso se espalha como um vírus. Isso atrapalha, porque “o anão acaba parecendo gigante”. Meu pedido é que a população consulte o Instagram do Batalhão antes de compartilhar qualquer notícia que não tenha certeza da fonte.
Além de operações policiais, o quanto a integração com outros órgãos – como a prefeitura, a secretaria de Ordem Pública e até escolas – pode ajudar a prevenir a criminalidade?
Já temos conseguido avanços. O prefeito [Luiz] Furlani e o secretário municipal de Ordem Pública, major [Daniel] Abreu, junto com o 28º BPM e a 90ª DP, têm contribuído para construir a segurança da cidade. O resultado, como já mencionei, é o melhor dos últimos 20 anos, exceto pelas mortes entre integrantes de facções, que, no entanto, não estão fora das médias históricas conforme o ISPGeo. Segurança pública é dever de todos e responsabilidade do Estado, e só com integração entre os órgãos e a participação da sociedade conseguiremos fortalecer a prevenção.
Atualmente, qual o efetivo da PM atuando nas ruas de Barra Mansa?
Por questões estratégicas, não revelamos todos os detalhes, mas estamos entregando resultados, como se comprova no ISPGeo, apresentando os melhores índices das últimas décadas, com a ressalva dos homicídios que ocorrem entre facções.
Para finalizar, qual mensagem o senhor deixaria para o morador que, diante de tanta violência e desinformação, sente medo de sair de casa?
Acredite no trabalho da sua Polícia Militar. O 28º BPM tem realizado um policiamento de excelência, com prisões, presença ostensiva e patrulhamento preventivo, alcançando números históricos de controle da criminalidade. As mortes, repito, são, na quase totalidade, de pessoas que construíram esse caminho.