No começo desta semana, uma comerciária, de 32 anos, foi presa no Centro da cidade de Valença, no Sul Fluminense, sob suspeita de usar um cartão bancário perdido por uma consumidora, de 65 anos. Segundo a polícia, ela teria encontrado e realizado diversas compras com o pagamento na tecnologia por aproximação.

Ao verificar as últimas transações por intermédio de aplicativo, a vítima foi a uma lanchonete, na Avenida dos Mineiros, e confirmou que o cartão havia sido usado no estabelecimento. Foi a atendente que apontou a loja onde a comerciária trabalhava.

Policiais militares foram acionados e encontraram provas do crime nas imagens da câmera de monitoramento do comércio. Acompanhados pela idosa, os agentes do 10º Batalhão abordaram a acusada, que em depoimento admitiu o uso do cartão. A mulher propôs um acordo com a vítima e, mesmo assim, ela foi conduzida à 91ª DP. Após prestar depoimento, ela foi indiciada e presa em flagrante, por furto qualificado.

Casos como o da idosa moradora de Valença não são incomuns, e acontecem com mais frequência do que se imagina. Apesar de não ser novidade, esta modalidade de crime chama atenção para os golpes praticados com cartões por aproximação, uma modalidade que vem crescendo a cada dia no Brasil.

Embora facilite a vida do consumidor e ajude a evitar o contato com as maquininhas por meio do toque, a tecnologia ‘sem senha’ abre espaço para o crime e, por isso, os usuários precisam estar atentos para não serem prejudicados.

Segundo o Procon-RJ, as instituições financeiras compõem uma categoria de fornecedores que demandam grande parte das reclamações formuladas pelos consumidores e o lançamento de transações não reconhecidas no cartão de crédito constitui um grande número de ocorrências.

Para o presidente do órgão, Cássio Coelho, os bancos possuem a obrigação de fornecer um serviço de qualidade, eficiente e seguro. Também é papel desses fornecedores informar aos consumidores sobre os riscos e as formas de proteção quanto aos produtos e serviços que colocarem no mercado de consumo.

“Assim, bem informado, o consumidor poderá adquirir conscientemente o produto que melhor atenda às suas necessidades”, diz o presidente Cássio.

Para o órgão de defesa do consumidor, o fornecimento de cartões para pagamento por aproximação deve ser facilitador ao consumidor e, caso ele não queira utilizá-lo, a instituição deve desabilitar a função. “Também é papel do banco informar o limite a ser utilizado no sistema por aproximação. O consumidor poderá se prevenir estabelecendo limites para pagamento com o sistema por aproximação, situação em que será exigida a digitação da senha ou o recebimento de mensagens informando a aprovação de transações. Também é importante que o consumidor esteja atento, sempre verificando o valor da compra e recusando o pagamento quando não for possível identificar, com clareza, o valor digitado na maquininha do cartão”, alerta.

Em Barra Mansa, apesar de o Procon não ter recebido nenhum relato de fraude ocorrida com cartões por aproximação, o gerente do órgão, Felipe Goulart, recomenda que o consumidor, caso opte em manter a função habilitada, guarde o cartão em local seguro e que não fique longe de sua vista, como, por exemplo, bolso de trás da calça, mochila ou bolsa para trás do corpo.

Outra dica, segundo Goulart, é deixar o celular habilitado para receber notificações de suas movimentações financeiras com o cartão. “Caso aconteça algum golpe, você logo será notificado. Outra questão importante é que, ao fazer a aproximação, geralmente a máquina fica virada para o vendedor, dificultando a visualização do valor. Existem casos em que até mesmo o consumidor dá o cartão para o vendedor aproximar. Cuidado, peça para ver o valor digitado ou então peça o extrato para conferir o valor. Verifique seus extratos bancários com regularidade”, enumera.

Para os consumidores que perderam ou tiveram o cartão roubado, a orientação do órgão é entrar em contato com a instituição financeira o mais rápido possível. “O banco então deverá abrir um processo de contestação com a finalidade de verificar se houve ou não fraude”, destaca o Procon de Barra Mansa.

A direção do órgão ressalta que o cartão só pode ter a função de aproximação habilitada se for solicitado pelo cliente. “Caso o consumidor faça o pedido da habilitação também é possível solicitar a desabilitação do serviço quando quiser”, alerta.

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs), uma a cada quatro transações feitas por cartões de crédito acontece por aproximação. A estimativa da entidade é que o sistema Contactless chegue a representar metade das transações no país até o fim de 2022.

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