Durante a semana, o apresentador do Big Brother Brasil, Tadeu Schmidt, surpreendeu o público e os moradores da casa mais vigiada do país ao dar uma bronca, ao vivo, nos participantes Bruna Griphao e Gabriel Tavares. Isso porque o comportamento do casal dentro do reality vem causando estranheza e indignação dos telespectadores, que apontam nítidos indícios de um relacionamento tóxico.

Na edição de domingo (dia 22), o apresentador relembrou uma conversa entre os dois, onde Gabriel afirma que Bruna ‘levaria umas cotoveladas na boca’. E alertou: “Gabriel, em uma relação afetiva, certas coisas não podem ser ditas nem de brincadeira”.

A fala foi feita logo após a produção do programa exibir diversos momentos e situações desagradáveis protagonizadas pelos dois. O casal foi formado logo na primeira festa do reality e, desde então, o brother já fez duras críticas à atriz.

As atitudes são percebidas e analisadas por todos, dentro e fora do BBB. Do lado de fora, inclusive, o público vem registrando nas redes sociais cenas em que é possível notar o trato do rapaz com a moça que, até então, parecia achar graça.

Como profissional da área, a psicóloga e neuropsicóloga Josiane Cirino avalia a relação do casal no reality e acredita que as atitudes de Gabriel para com a Bruna são, de fato, sinais de um relacionamento tóxico.

“Podemos perceber que, em apenas uma semana, é visível para os demais participantes que o relacionamento do casal não é nada saudável. Normalmente, é mais fácil identificar o relacionamento tóxico a pessoa que está de fora, seja alguém que já passou por isso, pessoas que leem sobre o assunto ou um profissional”, destaca.

A psicóloga, enumera alguns sinais de um relacionamento abusivo: “Controle, ciúmes, agressão verbal e/ou física, deixar de cuidar de si, viver apenas a vida do parceiro (a), queda de autoestima, infelicidade, falta de privacidade, estresse constante, dentre outros”.

Como consequências, segundo Josiane, a vítima pode desenvolver transtornos psicológicos como ansiedade, depressão, transtorno pós-traumático, além de baixa autoestima, alteração no sono e na vida sexual e isolamento social.

“Para se libertar de uma relação assim, o primeiro passo é entender e aceitar que está de um relacionamento tóxico. Em seguida, ser firme na sua decisão em sair desse lugar (relacionamento), buscar uma rede de apoio (profissional, amigos, familiares), buscar autoconhecimento, autocuidado e, se possível, no primeiro momento, evitar contato com a pessoa (a qual estava envolvida emocionalmente)”, descreve.

Para Daniella Oliveira, assistente social designada para o Núcleo de Atendimento à Mulher (Niam) de Barra do Piraí, normatizar comportamentos abusivos faz com que a sociedade acabe tolerando relacionamentos tóxicos.

“É importante lembrar que nenhum relacionamento abusivo começa com um tapa ou ameaça de morte”, observa.

A profissional relata que diariamente o Niam recebe vítimas de violência física que já sofriam violência psicológica, mas que não conseguiam perceber que estavam em um relacionamento abusivo. “Isso se dá justamente porque alguns comportamentos foram naturalizados e socialmente aceitos até mesmo como prova de amor. Casos como o ciúme excessivo, a possessividade, não podem ser naturalizados”, pontua.

A assistente social também enumera situações típicas de um relacionamento tóxico, como determinar a roupa que a vítima pode ou não usar, ameaças, humilhações, escolher o corte de cabelo, proibir a vítima de sair, de estudar ou trabalhar, proibir de falar com seus familiares e amigos. “É preciso alertar e conscientizar a sociedade que esses comportamentos abusivos não são e não podem ser aceitáveis. A situação não precisa chegar ao feminicídio para chamar a nossa atenção”, afirma.

Já o delegado titular da 88ª DP, Rodolfo Atala, lembra que é crime causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação. A pena, segundo Atala, chega a dois anos de reclusão.

“É importante salientar também o crime de perseguição, que consiste em perseguir a mulher reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade”, menciona o delegado, informando que a pena para esse crime também é de dois anos de reclusão.

Ainda de acordo com Rodolfo Atala, a maioria dos casos de violência doméstica são subnotificados e sequer chegam ao conhecimento da polícia. “É muito importante que as mulheres se encorajem e denunciem os agressores à Polícia Civil. Todos os casos serão analisados e terão resposta firme. É preciso combater com contundência todo tipo de violência contra a mulher, seja física, sexual, patrimonial, psicológica. Inclusive assédio sofrido nas relações de trabalho”, finaliza.

Em razão de seu comportamento, Gabriel disparou, em apenas uma semana desde a estreia, como o membro mais rejeitado do elenco. Na segunda-feira (dia 23), durante o chamado Jogo da Discórdia, o rapaz pediu desculpas às mulheres que se sentiram ofendidas com suas atitudes. “Eu não quero que ninguém passe pano para mim, tem que falar mesmo. Eu quero ser usado como mártir de que as pessoas erram e que homens, como pessoas, amigos, colegas da minha terra, sejam influenciados pelo meu erro e que vejam que, como eu errei, eles podem errar também”, disse.

Foto: reprodução/TV Globo

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