As consequências do Coronavírus em municípios e estados brasileiros poderão ser medidas de forma mais precisa quando a pandemia chegar ao fim. Por enquanto, as previsões seguem pessimistas, mesmo com o avanço na distribuição de vacinas pelas autoridades brasileiras. No meio desse turbilhão estão os alunos da rede pública de ensino, que de uma hora para outra se viram obrigados a transformar a maneira de aprender.

Iniciado em março do ano passado, quando medidas mais rígidas de isolamento social foram estabelecidas pelos governantes, o novo formato de ensino inseriu em um mesmo contexto estudantes da fase inicial da educação infantil e acadêmicos de universidades. Cabe aqui ressaltar que, desde então, muitos jovens se viram prejudicados com a falta de recursos tecnológicos, como a internet.

Há reflexo também na alimentação. Afinal, era nas unidades escolares que muitos estudantes da rede pública tinham acesso às refeições. Atualmente, além da sala de aula vazia, a mesa para alimentação segue o mesmo caminho. Em dezenas de municípios, o valor repassado pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), do governo federal, não está sendo disponibilizado às famílias dos estudantes.

Como forma de compensar, as prefeituras do Sul Fluminense assumiram o compromisso de distribuir kits de alimentação aos alunos matriculados na rede pública. A medida passou a ser aplicada após o governo federal alterar a legislação do Pnae para possibilitar a entrega dos alimentos diretamente às famílias dos estudantes. Segundo a mudança, os produtos devem ser distribuídos em forma de kits de alimentação, definidos pela equipe de nutrição local, de acordo com as determinações do programa, como respeitar os hábitos alimentares, a cultura local e a qualidade nutricional e sanitária.  

No início da pandemia, o Município de Volta Redonda distribuiu kits para alunos que faziam as refeições nas unidades. No final de 2020, as famílias foram contempladas com um cartão no valor de R$ 70 para compra de alimentação.

Em 2021, em seis meses do governo do prefeito Neto (DEM), não há informação sobre a concessão de qualquer auxílio. “Recebi em 2020, não eram todos os meses, mas ajudava muito em casa. Este ano ainda não tivemos nenhuma notícia e infelizmente a pandemia parece que não tem dia para acabar”, disse a mãe de um aluno da educação infantil.

Outra mãe, que não quis se identificar e que tem o filho no ensino fundamental, também relatou a situação à Folha do Aço. “Já estamos no meio do ano e nada de ajuda das escolas aos seus alunos e família. No final do ano foi entregue um cartão alimentação, que valor era de R$ 70, e hoje esse valor nem dá para comprar o gás para a família”, comparou.

A reportagem procurou a secretaria de Comunicação do Palácio 17 de Julho, mas não obteve retorno até o fechamento da edição impressa. Segundo a Prefeitura, a distribuição não está sendo feito pois não há condição de atender os 37 mil alunos da rede. Veja a nota na íntegra:

“A Prefeitura de Volta Redonda informa que a merenda é direito de todos os alunos e nas circunstâncias atuais seria impossível que todos os 37.000 alunos da Rede Municipal de Educação fossem atendidos. O recurso repassado pelo PNAE contemplaria uma pequena parcela dos nossos alunos.

Não queremos que aconteça a mesma coisa do ano passado em que vários diretores das nossas unidades escolares viveram a revolta de responsáveis de alunos que não foram contemplados com cestas básicas e cartão alimentação. Entendemos que todos deveriam ser atendidos e seria injusto se apenas uma parcela de alunos fosse beneficiada em detrimento de outros tantos.”

Recursos

Apesar da inércia do governo de Volta Redonda, os recursos continuam sendo destinados aos cofres do Município. É o que revela o Portal da Transparência do governo federal. Nos primeiros seis meses do ano, foram repassados mais de R$ 1 milhão, divididos em três parcelas (em janeiro, fevereiro e março) de R$ 368.892,00.

Outros municípios da região, como Porto Real, seguem distribuindo os kits. Em sua página oficial no Facebook, a Prefeitura do Sul do Estado informou que entregou na última segunda-feira (dia 14) cestas de segurança alimentar aos estudantes da rede municipal de ensino. “Com o objetivo de complementar as necessidades nutricionais do aluno neste período que ele está ausente da escola, nós iniciamos mais uma entrega dos kits, que possuem 18 produtos e 14 itens diferentes”, reforçou o prefeito Alexandre Serfiotis (PSD). Nos meses de abril e maio, também há registro da entrega dos kits às famílias dos estudantes.

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