O Governo do Estado publicou na quinta-feira (dia 3), decreto que estabelece novas medidas de prevenção e enfrentamento da propagação da Covid-19. O texto faculta aos municípios a flexibilização do uso de máscara em lugares fechados, diante do cenário heterogêneo atual da pandemia no estado do Rio de Janeiro.

 Em função da alta cobertura vacinal e de haver municípios com baixo risco para a doença e outros ainda saindo da quarta onda da Covid-19 provocada pela variante Ômicron, caberá aos gestores municipais a decisão de liberar ou não o uso do equipamento de proteção individual.

O pneumologista e professor do curso de Medicina do UniFOA Gilmar Alves Zonzin considera que a liberação do uso de máscaras deve levar em conta a realidade local de cada região.

“É preciso considerar, antes de tudo, que se há algo de correto neste posicionamento é a ideia de acatar a decisão de cada um dos municípios. Quando interagimos entre nós, médicos, sobre o que vem acontecendo, a gente prefere pensar na heterogeneidade de momento pandêmico de um local para o outro. E a individualização se faz como quase uma obrigatoriedade. O cenário que nós estamos vendo é de varredura da Ômicron, que se deu em proporções distintas em diferentes regiões. Essa variante apresentou casos graves, mas em menor número que as variantes anteriores. Agora, existe uma expectativa mundial que, depois da varredura da Ômicron e com a vacinação já consideravelmente avançada, a gente possa ter esperança de um retorno de uma situação de maior normalidade”, relatou o médico.

Zonzin, no entanto, pondera que os próximos dias serão fundamentais para a tomada de decisões. “Acredito que esse momento de ‘semi-Carnaval’ é um bom balão de ensaio para isso. Tivemos momentos de grande interface entre as pessoas e o monitoramento dos próximos dias deve ser crítico para que nossa sensibilidade possa apurar e perceber se nosso nível médio de proteção está alto, se o número de casos continua baixando. Os números, em si, têm sido muito difíceis de serem trabalhados, pois estamos observando uma grande dificuldade na informação fidedigna. Mas, de fato, o que me parece extremamente prudente é aguardar esse período pós-Carnaval, pois a gente pode se surpreender com um novo pico da pandemia, o que esperamos que não aconteça”, analisou. 

Ainda de acordo com o pneumologista, caso o país se defronte com um reaquecimento dos casos de Covid-19 após o período festivo, as pretensões de reduzir certos níveis de rigor terão que ser revistas.

“Até agora, não se conseguiu estruturar uma matemática que possa nos dizer de forma estática esse resultado, porque mais do que o dado em si, o que se tem é a dinâmica, a tendência da curva. Se eu tenho uma ocupação X, mas estou vendo um aumento gradativo no número de casos, isso tem um significado. O movimento que a pandemia vem apresentando tem sido nosso grande chamariz para tomar atitudes mais protetivas e coercitivas em relação à pandemia. Estabelecer um número percentual de ocupação ou de casos de forma estática não me parece ser o ponto. A curva de progressão, se a gente está tendo uma mudança que caracteriza uma situação de tranquilidade ou uma situação de aumento de preocupação, é o que mais me chama atenção neste momento de pandemia, para dar lastro a essas definições de conduta, sejam elas quais forem”, finalizou Gilmar Zonzin.

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