Poeira, sujeira e muitos transtornos. Moradores do São Luiz, bairro da Zona Norte de Volta Redonda, enfrentam esses e outros problemas desde que a Prefeitura iniciou uma obra de recapeamento asfáltico na região. O que era para ser motivo de comemoração por conta dos benefícios, virou razão de angústia devido a situação de descaso enfrentada diariamente pela população local.

Thamara Ferreira trabalha no bairro e acompanha de perto cada etapa da obra. Ela relata, no entanto, que há cerca de três semanas não vê funcionários da empresa responsável pela empreitada. “É poeira o dia inteiro e, por mais que a gente limpe, não adianta de nada. Tem uma escola aqui e as crianças são as mais prejudicadas”, conta.

Para chamar atenção das autoridades, Thamara já registrou reclamações nas redes sociais da prefeitura de Volta Redonda. “Deveriam terminar o que começaram também. Os moradores e o comércio do São Luiz estão sofrendo com isso”, afirmou.

Outra internauta suplicou: “Pedimos socorro com esse recapeamento asfáltico no bairro São Luiz. Quem tem bronquite e asma está sendo afetado pela poeira. O carro-pipa passa, mas em segundos já secou tudo. Pelo amor de Deus, olhem por nós”.

Presidente da Associação de Moradores do bairro São Luiz, Leandro Pereira, diz que não só tem acompanhado as obras, como também mantém contato direto com a secretaria municipal de Infraestrutura em busca de soluções paliativas até a conclusão dos serviços. Ele nega, no entanto, a informação de que a obra esteja paralisada.

“Na última semana, o serviço de troca de solo foi interrompido devido à obra da CEG (Companhia Estadual de Gás), que iniciou os serviços para a instalação de uma rede de gás, por meio do processo de furo direcional”, explica Leandro.

Segundo o líder comunitário, devido ao serviço de troca de solo e a falta de recapeamento asfáltico nestes trechos, os principais contratempos são a intensa poeira com o trânsito dos veículos, além de buracos na via provocado pelos serviços que ainda não foram concluídos, fato gerador das críticas da população.

“Vale ressaltar que o bairro São Luiz é uma das principais portas de entrada ao município de Volta Redonda, que liga toda região do Retiro, Voldac, Santa Cruz. Pela BR-393 (Rodovia Lúcio Meira), o bairro é cortado diariamente por caminhões e carretas em direção a parte central da cidade, porém também é caminho para motoristas que seguem em direção ao interior de Minas Gerais como Santa Rita de Jacutinga e Andrelândia. O São Luiz também é acesso para a Candelária, São Sebastião, Nova São Luiz, São Luiz da Barra e Dom Bosco. Ou seja, podemos concluir que o número de pessoas impactadas pelas obras é bem superior ao número estimado de habitantes no bairro”, ressalta Leandro Pereira.

Hoje, o número estimado de moradores do São Luiz é de aproximadamente sete mil pessoas. Com comércio variado, entre consultórios odontológicos, supermercados, lojas diversas, loterias, padarias, restaurantes, escritórios de advocacia, contabilidade, entre outros, a região possui cerca de 45 estabelecimentos.

Três deles pertencem à Cristiane Andrade. A comerciante lembra que o transtorno começou quando desviaram o trânsito, sem aviso prévio. “Fizeram os cortes no asfalto, arrancaram, colocaram pedra e pó de pedra. E, assim, seguiram cortando o asfalto e fechando o trânsito. Em uma das minhas lojas tenho um segmento de aviamentos. Fica tudo exposto, toalhas, fitas, tecidos, feltros, TNT. Tivemos de colocar tudo em saco plásticos e cobrir a mercadoria. Estou muito revoltada com o descaso que fizeram com a gente e com a falta de respeito, pois somos geradores de emprego e pagadores de impostos”, conta.

A empresária explica que precisou embalar toda a mercadoria de seu comércio, item por item, em sacos plásticos a fim de se evitar o contato com a poeira. Cristiane lembra que ainda possui um empório de produtos artesanais, cujos artigos também recebem poeira o dia todo.

“Pelo menos quatro vezes por dia estamos molhando a rua para ver se o prejuízo é menor. Agora o supermercado, meu Deus, sem comentários. É uma loucura. Doze portas abertas e uma nuvem de poeira lá dentro que não estamos dando conta de limpar. O pior é que nem há previsão de término”, lamenta a comerciante, que também reside no São Luiz.

A obra

Foi em 22 de fevereiro deste ano que a prefeitura de Volta Redonda anunciou um contrato com o governo do estado para fazer o recapeamento do asfalto em sete bairros no município. Na ocasião, a secretaria de Comunicação Social (Secom) do Palácio 17 de Julho divulgou que os trabalhos começariam no dia seguinte, ou seja, 23 de fevereiro.

Em 16 de maio, um novo release enviado pelo governo municipal informava o início da mobilização para asfaltamento dos bairros Candelária, São Sebastião, São Luiz e Pinto da Serra, uma obra cuja metade seria custeada pelo Estado e outra metade com recursos próprios do Município.

Mais de seis meses desde o primeiro anúncio, a população do São Luiz continua “a ver navios”. Por trás da poeira, é claro.

A Folha do Aço questionou a Prefeitura sobre a previsão para a conclusão dos trabalhos de recapeamento asfáltico no São Luiz. Também interpelou sobre quando, efetivamente, tiveram início as obras naquele local. A reportagem, porém, não obteve retorno da Secom até o fechamento desta edição.

Reunião com a SMI

Na quarta-feira (dia 17), foi realizada uma reunião entre representantes da secretaria Municipal de Infraestrutura (SMI) e do comércio do bairro São Luiz. “Vamos ficar atentos ao cumprimento dos prazos e exercer nosso papel como cidadãos em fiscalizar”, informou o presidente da Associação de Moradores,  Leandro Pereira.

No encontro, ficou acertado que:

– Um caminhão pipa ficará à disposição para atender com maior frequência toda a extensão da Avenida Francisco Chrisostomo Torres, desde o trevo até o campo;

– Lavagem de ruas e calçadas no final da tarde e início da noite;

– Disponibilidade do caminhão-pipa também nos finais de semana;

– Sinalização temporária em toda extensão obra;

– Previsão para a CEG concluir o serviço de gás até o próximo dia 25 de agosto;

– Retomada das atividades com o devido asfaltamento no dia 26 de agosto;

– Guarda Municipal acompanhando a obra e orientando o trânsito.

Informações sobre a obra

– Custo de R$ 1,5 milhão;

– Valor incluí: Serviços de acessibilidade das calçada; Instalação de semáforo próximo a padaria Bracarense; Instalação de redutores de velocidade na via; e Sinalização vertical e horizontal.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.