Denúncias de estupro, redução de benefícios sem prévia discussão com trabalhadores e acidentes dos mais diversos, por falta de equipamento básico de proteção individual adequado, o que culmina na morte de metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Essas foram algumas das pautas levantadas durante audiência pública da Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Assembleia Legislativa (Alerj), no último sábado (dia 15), em Volta Redonda. A cidade é sede da maior indústria siderúrgica do Brasil, da América Latina, e uma das maiores do mundo.
No encontro, a presidente da Comissão de Trabalho, deputada Dani Balbi (PC do B), ouviu as demandas dos trabalhadores. Uma das mulheres presentes denunciou os constantes assédios sofridos pelas funcionárias, relatando até casos de abuso sexual. Em um deles o crime teria sido cometido por um diretor da empresa. “Ela foi vítima, denunciou num dia e no outro foi demitida. Alegaram que o contrato dela estava no fim. No momento que ela mais precisou de ajuda e suporte, foi demitida”, alertou a mulher.
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Edimar Leite lembrou que, em meio à pandemia, até o plano de saúde dos trabalhadores, que tinha cobertura nacional, passou a ser apenas regional. “O impacto disso nós estamos vendo no Sistema Único de Saúde. A rede pública de Volta Redonda pode colapsar, porque não estava preparada para receber tantos atendimentos assim”, explicou.
Paulo de Farias, presidente da Central de Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB) relembrou que a CSN já firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), se comprometendo a corrigir suas irregularidades. “Não sei o que foi feito desse TAC, porque tenho a impressão de que não está sendo cumprido”, denunciou
Procurador Regional do Trabalho, João Batista Berthier Soares explicou que o Ministério Público do Trabalho (MPT) está à disposição para colaborar e explicou que a Comissão precisa avançar na coleção de provas sobre as denúncias de assédios sofridos na empresa. “Se o caso do assédio for levado à Justiça, temos que ter as melhores provas possíveis, para além do relato da moça. Precisaremos anexar documentos, filmagens. Há coisas que o sindicato não poderá fazer, mas o Ministério público do Trabalho sim. O MPT pode indiciar o agressor para depor”, explicou.
“É revoltante a quantidade de relatos de assédio, abuso sexual e desrespeito contra trabalhadoras e trabalhadores da metalurgia, que nos foram relatados. Estar reunida com os metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi fundamental para mensurar o tamanho dos problemas que temos pela frente e serão enfrentados. Um a um”, declarou Dani Balbi, ao fim da audiência. “Uma empresa que lucra às custas da morte e maus tratos de seus funcionários será devidamente responsabilizada. Por isso, peço a todos que nos encaminhem, pelo telefone da Comissão de Trabalho (0800-282-3596), as denúncias que ainda não nos foram entregues”
A deputada explicou ainda que uma nova audiência pública sobre o assunto será realizada, incluindo outras comissões afins, como a Comissão de Meio Ambiente, para que a questão da montanha de escória formada por resíduos da CSN, que ameaça o Rio Paraíba do Sul, sejam abordados, assim como a poluição atmosférica promovida pela empresa. Por hora, novas denúncias devem ser encaminhadas pelo telefone da Comissão de Trabalho 0800-282-3596.
Também participaram da audiência pública o deputado Jari (PSB), o vereador Raone Cassin Maia Ferreira, demais líderes sindicais e moradores de Volta Redonda.
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