A Polícia Federal assumiu na quinta-feira (dia 17) as investigações para apurar o desaparecimento nas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) de duas ampolas com amostras de urânio enriquecido. Segundo a empresa, a ausência do material foi verificada em julho, após transferência interna entre áreas de armazenamento na Fábrica de Combustível Nuclear, em Resende.

As ampolas são pequenos tubos contendo amostras dos cilindros com o material de hexafluoreto de urânio (UF6) utilizado na fabricação dos combustíveis das Usinas Nucleares de Angra 1 e Angra 2. São amostras testemunho para a comprovação do material contido nos respectivos cilindros.

Segundo a INB, após a atividade de transferência foi realizada a verificação de contabilidade e controle das ampolas P10 transferidas e identificou a ausência de duas unidades, pertencentes ao lote testemunho da 15? Recarga de Angra 2, com 8 g de urânio enriquecido a 4,25% em cada ampola.

Ainda de acordo a empresa, houve uma segunda contagem que confirmou a ocorrência e somente após essa recontagem, a INB oficializou o extravio das ampolas junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear. Foram solicitados esclarecimentos e a apresentação de um plano de ação. Uma terceira contagem, com a confirmação da ocorrência observada anteriormente, chegou a ser realizada.

“Ao esgotar as ações internas de buscas no interior das áreas supervisionadas e controladas, escritórios e, principalmente, no trajeto percorrido para transferência dos recipientes, além de outras áreas da Unidade, a INB comunicou o ocorrido ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR) e à Polícia Federal”, informou a empresa.

A natureza e quantidade de material presente nas ampolas permitem afirmar, ainda conforme a INB, que a liberação do conteúdo “não acarreta danos radiológicos à saúde de um indivíduo”. No entanto, cabe informar “a possibilidade de risco químico associado à natureza tóxica dos compostos presentes, que podem provocar danos físicos localizados”.

Acompanhamento

Em nota, a empresa explicou que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) acompanha as ações em andamento no âmbito da empresa. “A INB vem concentrando todos os seus esforços para a localização das amostras, com atuação das equipes de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares, Proteção Física, Proteção Radiológica e Operação e Manutenção da Planta Química”, diz.

A INB informou ainda que instaurou processo administrativo “e busca identificar melhorias para que eventos como este não voltem a ocorrer”.

Sobre as amostras 

Cada cilindro de urânio utilizado na produção dos elementos combustíveis para as recargas das usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2 tem armazenada uma amostra, denominada amostra testemunho. Esta amostra passa a integrar o inventário físico de material nuclear, verificado durante inspeções das agências internacionais (a de Energia Atômica – AIEA – e a Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares – ABACC).

Foto: divulgação

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