Interminável: Rua 33 segue em obras e Prefeitura retoma cobrança do parquímetro

A revitalização da Rua 33, na Vila Santa Cecília, em Volta Redonda, caminha para se tornar um símbolo da morosidade e da desorganização administrativa. Iniciada em 2022, a obra segue sem conclusão e continua trazendo transtornos diários a moradores, comerciantes e motoristas que precisam trafegar entre as praças Brasil e da ETPC – um dos eixos mais movimentados da cidade.

Esta semana, a Prefeitura interditou, novamente sem aviso prévio, novos trechos da via, incluindo o entorno do Shopping 33. Os bloqueios foram realizados sem sinalização adequada, o que obrigou motoristas a trafegar em mão dupla em certos pontos da própria Rua 33, elevando o risco de acidentes. Pedestres, por sua vez, têm circulado por passagens improvisadas, muitas vezes cercadas apenas por telas de proteção frágeis.

Comerciantes, de olho nas vendas do Dia dos Namoradores, relatam que o barulho constante de máquinas e a poeira comprometeram não apenas o atendimento, mas a permanência dos clientes. “Não dá para conversar com os clientes nem atender ao telefone. A gente tenta manter o comércio funcionando, mas está cada vez mais difícil”, lamenta um lojista que preferiu não se identificar.

Mesmo com o cenário de canteiro de obras, a Prefeitura surpreendeu ao retomar, sem nenhum tipo de comunicação oficial, a cobrança pelo estacionamento rotativo, o VR Parking, suspensa desde o início das intervenções. “Pagamos para estacionar em uma área em obras, com poeira, barulho e insegurança. É um desrespeito com a população”, afirmou uma moradora da cidade.

Desde o início das obras, em 2022, até abril deste ano, a administração municipal já arrecadou R$ 13,6 milhões com o sistema de parquímetros.

Obra acumula atrasos e custos extras

Anunciada em setembro de 2021 como um projeto de modernização urbana, a reforma da Rua 33 previa calçadas acessíveis, nova pavimentação, ciclorrota e enterramento da fiação elétrica. Na prática, o avanço tem sido tímido e o cronograma, constantemente refeito.

A obra começou sob responsabilidade da empresa Irmão Vasconcelos Ltda., mas ficou paralisada por seis meses antes de uma nova licitação ser aberta. Em fevereiro de 2023, os trabalhos foram retomados com a empresa VR Comércio Serviço. Desde então, foram firmados seis termos aditivos: três para reajuste de valores e outros três para extensão de prazo.

Em fevereiro de 2025, a etapa de instalação da fiação subterrânea – sob responsabilidade da Light – causou nova interrupção, desta vez acompanhada da interdição de um trecho da Rua 60. No dia seguinte, a Prefeitura publicou um aditivo de R$ 830 mil, elevando o valor da obra de R$ 18 milhões para R$ 20,5 milhões – alta superior a 14%. A entrega, antes prometida para o início de 2025, foi adiada para agosto.

Moradores cobram resposta

Para quem vive ou trabalha na Vila Santa Cecília, o saldo da obra, até aqui, é de frustração. A retirada das tradicionais pedras portuguesas que decoravam a via foi a única mudança visível em boa parte do trecho. “Aquilo dava um charme especial à 33. Tiraram tudo e não colocaram nada no lugar. O resto da obra parece empacado”, critica outro comerciante.

A falta de informações claras por parte da Prefeitura e a ausência de planejamento têm sido apontadas como agravantes. “O que era para ser uma modernização virou um pesadelo. E agora ainda voltaram a cobrar o estacionamento como se estivesse tudo normal”, resume um morador.

Enquanto isso, o fluxo de veículos segue prejudicado, o comércio tenta sobreviver em meio à desordem e a Rua 33 continua à espera de um final – que, para muitos, parece cada vez mais distante.

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