EDITORIAL: Quando a Secom se cala, o jornalismo fala: silêncio compromete o direito à informação

A comunicação entre a imprensa e o poder público é um dos pilares da democracia. De um lado, cabe ao jornalista levar à população informações de interesse público com clareza e responsabilidade. De outro, é dever das assessorias de comunicação prestar esclarecimentos, divulgar ações e garantir que os cidadãos tenham acesso ao que é feito em seu nome. Esse equilíbrio, porém, vem sendo desrespeitado pela secretaria de Comunicação (Secom) da prefeitura de Volta Redonda, que, de forma recorrente, ignora demandas do jornal Folha do Aço – até mesmo quando as pautas são positivas para o próprio governo.

Nos últimos meses, aumentou significativamente o número de pedidos de entrevistas, notas oficiais e dados técnicos que não foram respondidos pela Secretaria. O silêncio beira o descaso e compromete, acima de tudo, o direito da população à informação.

Na última semana, por exemplo, buscamos informações para uma reportagem sobre o Dia Mundial do Orgulho LGBTQIA+, comemorado em 28 de junho. A proposta era destacar avanços, projetos ou ações voltadas à comunidade – excelente oportunidade para a gestão municipal apresentar iniciativas inclusivas. Não houve qualquer resposta.

Situação semelhante ocorreu quando solicitamos dados atualizados sobre o programa Previne Brasil, do Ministério da Saúde. A intenção era mostrar os indicadores da cidade e os avanços na atenção primária. Mais uma vez, silêncio.

Também insistimos, nos últimos dias, em obter informações sobre as ações voltadas à população em situação de rua – uma pauta sensível e de grande relevância social. Até o fechamento desta edição, seguimos sem retorno da secretaria de Comunicação.

A falta de diálogo, mesmo diante de temas de interesse coletivo, levanta a hipótese de que a omissão seja orientada diretamente pelo secretário da pasta ou, talvez, pelo próprio chefe do Executivo. Se for esse o caso, trata-se de uma postura equivocada, que ignora o papel essencial da imprensa e confunde assessoria institucional com blindagem política.

É preciso lembrar que os gestores públicos de hoje podem não estar nas mesmas cadeiras amanhã. Já a função jornalística permanece: questionar, informar e garantir que os atos do poder público sejam compreendidos pela sociedade. Desconsiderar isso é desrespeitar a imprensa – e, pior ainda, subestimar a inteligência do cidadão, que precisa e tem o direito de saber como está sendo administrada sua cidade.

A Folha do Aço reafirma seu compromisso com o jornalismo responsável, aberto ao diálogo, à escuta e ao contraditório. Seguiremos cumprindo nosso papel, mesmo diante de portas fechadas. A responsabilidade com a verdade não se silencia com o descaso.

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