O prefeito de Volta Redonda, Neto (PP), convocou uma reunião de emergência com todo o secretariado e assessores especiais para as 8h15min desta sexta-feira (dia 3). Segundo o próprio prefeito, o objetivo é tomar “algumas decisões” diante de uma situação financeira considerada delicada pelo governo municipal.
“O município está atravessando uma fase financeira muito delicada e eu vou tomar algumas decisões para tentar melhorar a nossa situação, amenizar a crise. Eu tenho certeza que nós vamos conseguir”, afirmou Neto. Ele destacou que todos os secretários e assessores serão ouvidos para tentar reduzir os gastos da administração.
Como exemplo, citou os gastos com combustível, atualmente em R$ 650 mil mensais. “Nós vamos diminuir alguns veículos. Infelizmente, não posso esperar, se não o futuro será muito delicado”, observou o prefeito.
Neto, que está em seu sexto mandato à frente do Palácio 17 de Julho, retomando o governo em 2021 após quatro anos fora (2017-2020), voltou a se basear em números do início de sua gestão atual: “Quando assumi a prefeitura, devia-se à Light R$ 50 milhões, a precatórios R$ 50 milhões e a fornecedores R$ 250 milhões. Havia três folhas de pagamento em atraso. Colocamos tudo em dia a partir do segundo mês, e nunca deixei virar o mês. Até o último dia do meu governo, o funcionário público vai receber antes de virar o mês. Isso, eu dou minha palavra”.
Em entrevista ao programa Dário de Paula, na quinta-feira (dia 2), o prefeito afirmou que já está tomando providências para cumprir suas promessas e pediu calma aos servidores. “Quem pegou o município do jeito que eu peguei e conseguiu dar a volta por cima não tem dúvida que nós vamos cumprir. A hora é agora, não podemos perder mais tempo. Preciso tomar decisões para honrar o compromisso de pagar em dia o salário do funcionalismo público”, disse.
A situação atual do município reflete a realidade de qualquer administração: gastos descontrolados, mesmo com receitas significativas, podem comprometer a saúde financeira. Desde 2021, a prefeitura de Volta Redonda executou centenas de obras, algumas atrasadas e com custos superiores ao planejado. Um exemplo é a Praça Pandiá Calógeras, no bairro Sessenta, que passa por revitalização. A secretaria municipal de Obras informou na quinta-feira (dia 1º) que a empresa responsável trabalha na alameda que liga a ETPC à Rua 60, com investimento municipal de R$ 616.978. O projeto inclui troca do piso cimentício por piso intertravado, instalação de cordões de concreto e plantio de cerca de 2 mil metros quadrados de gramado.
O problema, segundo críticos, é que o piso removido havia sido colocado em 2016, em obra que custou mais de R$ 2,3 milhões com recursos de convênio entre a Prefeitura e a Caixa Econômica Federal. À época, itens do projeto básico foram ignorados para permitir a inauguração ainda durante o quarto mandato do prefeito.
Além disso, o governo municipal tem enfrentado críticas por gastos considerados excessivos em áreas como decoração natalina e ampliação de secretarias. Em 2025, a prefeitura planeja investir R$ 5,9 milhões na ornamentação de Natal, incluindo cordões luminosos, cascatas de LED à prova d’água e outros materiais típicos da decoração natalina.
Outro ponto de controvérsia é a ampliação do número de secretarias para acomodar aliados políticos que não conseguiram se eleger nas eleições do ano passado. Apesar desses gastos, a receita de Volta Redonda ultrapassou a ordem de R$ 8 bilhões, somando o orçamento dos últimos cinco anos (período entre 2021 a 2025). Esse montante reflete a capacidade de arrecadação do município, mas também levanta dúvidas sobre a gestão e alocação eficiente dos recursos públicos.