Médicos que atuam na Atenção Primária à Saúde de Volta Redonda, responsáveis pelo atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (UBSF), avaliam realizar uma paralisação nas próximas semanas. A mobilização ocorre após a decisão do prefeito Neto (PP) de reduzir em 25% os salários da categoria, medida que começou a valer no último dia 1º de outubro.
Uma reunião está programada para esta terça-feira (dia 6), às 18h, na sede da Câmara Municipal de Vereadores, onde os médicos devem discutir os próximos passos e a possibilidade de uma paralisação coletiva, caso não haja uma resposta satisfatória da prefeitura.
A categoria também aguarda para hoje uma posição oficial da secretaria municipal de Saúde, que deve se manifestar sobre as reivindicações dos profissionais.
De acordo com relatos colhidos pela Folha do Aço, a redução salarial foi feita de forma unilateral e sem justificativa formal. “Não houve explicação, apenas uma comunicação informando o corte”, disse um dos médicos, sob condição de anonimato.
Segundo os profissionais, as alterações afetam não apenas os médicos, mas também a qualidade do atendimento prestado à população.
Desde dezembro de 2024, os médicos da atenção básica afirmam que vêm enfrentando mudanças nas condições de trabalho sem qualquer diálogo com a categoria. Entre as medidas adotadas estão o aumento da carga horária, a perda do direito ao day off, a redução das férias e, agora, o corte na remuneração, considerado o mais grave até o momento.
Prefeito justifica corte e secretária de Saúde ameaça deixar o cargo
Em entrevista ao programa Fato Popular, do radialista e vereador Betinho Albertassi (União), na manhã desta terça-feira, o prefeito Neto afirmou que a secretária municipal de Saúde, Márcia Cury, foi contra a redução dos salários dos médicos.
“Ontem [segunda-feira], eu tive uma discussão muito grande com a minha secretária, que é contra, e eu respeito muito ela. Brigou comigo, dizendo que não podemos fazer isso, disse que temos que reduzir de outra maneira”, revelou Neto.
A Folha do Aço apurou que, na reunião realizada na última sexta-feira (dia 3), a secretária Márcia Cury, inconformada com a decisão do prefeito, chegou a colocar o cargo à disposição. Apesar do impasse, ela permanece no comando da pasta.
O prefeito alegou queda acentuada na arrecadação municipal para justificar a medida.
“Infelizmente, o município teve uma queda de receita muito grande. Mês passado, eu fiquei no vermelho em R$ 38 milhões. Se eu não tomar algumas medidas, não consigo chegar até o final do ano. Não consigo fazer o que prometi, que é pagar os salários antes do fim do mês”, afirmou.
Durante a entrevista, Neto comparou os valores pagos em cidades vizinhas: “Barra Mansa paga R$ 12 mil para médico de 40 horas; Resende paga R$ 14 mil. Mesmo com a redução, Volta Redonda vai pagar R$ 15 mil. É provisório. Assim que melhorar, eu volto a pagar R$ 20 mil. Mesmo com o corte, continuamos sendo o município que melhor remunera os médicos na região”, garantiu.
O prefeito também defendeu a implantação do ponto eletrônico, alegando que a medida “é normal e necessária” para garantir o cumprimento da carga horária.
Cortes mais amplos
Segundo Neto, o corte salarial dos médicos faz parte de um pacote de contenção de despesas anunciado na reunião com o secretariado na última sexta-feira (dia 3). Entre as determinações estão a redução do consumo de combustível da frota municipal, que hoje gira em torno de R$ 650 mil mensais, e a contenção de viagens e despesas administrativas.
“A reclamação [dos médicos] é justa, mas Volta Redonda é o município que melhor paga. Mesmo reduzindo, continua disparado à frente dos demais. Ontem, liguei para todos os secretários e ninguém paga mais do que Volta Redonda, que vai pagar R$ 15 mil”, disse.
Apesar da justificativa do prefeito, Volta Redonda possui o maior orçamento do Sul do Estado, estimado em quase R$ 2 bilhões para 2025, valor significativamente superior ao dos municípios citados por ele.
Está me parecendo um “golpe” para tornar a Secretária Márcia Cury mais “popular”. Talvez ela esteja visualizando uma vaguinha de vereadora no próximo mandato.
Boa tarde acho que deveria reduzir os funcionários públicos em geral muitos anos a máquina está cheia muitos amigos de políticos os rpa e cargo comissionados não tem muito serviço para o povo.