Policiais da 93ª DP realizaram, na quinta-feira (dia 27), uma ação para cumprir mandados de busca e apreensão em uma clínica médica que funcionava de forma clandestina na Rua Coroados, no Aterrado. No local foram encontradas diversas medicações sem comprovação de origem, além de equipamentos que devem ser utilizados apenas por médicos.
De acordo com Polícia Civil, a operação foi desencadeada a partir de uma investigação de uma enfermeira que se passava por médica e realizava procedimentos estéticos médicos. Uma das vítimas teve o rosto desfigurado e sofreu queimaduras por ação química, após passar por tratamento com a falsa médica. A acusada, que tem 41 anos, chegou a trabalhar em uma clínica onde exercia a função de enfermeira, mas acabou sendo demitida após ser acusada de desviar medicamentos e aparelhos.
A prisão da enfermeira reabre a discussão sobre a busca, até certo ponto inconsequente, pelo corpo perfeito. Relatório mais recente da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, publicado em março deste ano, aponta o Brasil em 2º lugar no ranking de procedimentos estéticos em todo o mundo, superado apenas pelos Estados Unidos.
O avanço da tecnologia na área apresentou diversos procedimentos estéticos minimamente invasivos que estão ao alcance de quem pode e quer pagar o preço. Mas o mesmo vultoso aumento nas opções disponíveis no mercado da beleza também trouxe riscos. “A pessoa quando resolve se submeter a um procedimento estético deve procurar um profissional qualificado, com especialização na área para saber se ela pode se passar por aquele procedimento, sem causar nenhum risco a sua saúde. É preciso esclarecer todas as dúvidas”, explicou a biomédica Mayara Caires.
A especialista que atende em Volta Redonda destaca ainda a importância de o paciente verificar a documentação e as exigências para funcionamento das clínicas. “É importante realizá-los em local apropriado, com licença da Vigilância Sanitária e alvará para tal prática realizada. Em minha clínica, realizo diversos procedimentos e todos os cuidados são feitos, como o descarte correto do material utilizado e o armazenamento dos produtos. Tudo isso deve ser analisado pelo paciente antes de realizar desde uma simples limpeza de pele até, por exemplo, a aplicação de botox”, disse a biomédica.
A esteticista Andiara Cândido, pioneira no método Renata França na Cidade do Aço, também defende a qualificação e estudo como principal caminho para um bom resultado. “Para ser um esteticista é necessário muito estudo dentro de anatomia, técnicas manuais, eletroterapia, fisiologia e diversas disciplinas. A grade é extensa e o investimento financeiro também, dentre eles cursos de especializações, livros, materiais, regulamentação do espaço físico. A estética é uma área da saúde e por menos invasivo que seja o procedimento a ser feito, o profissional deve deter o conhecimento teórico e prático para realizá-lo”, afirmou.
Segundo Andiara, acontecimentos como a prisão da enfermeira mostram que todo cuidado é pouco para não colocar a saúde em risco. “Eu, como técnica em Estética formada pelo Senac, lamento esse tipo de postura e a banalização da profissão. Muitos pacientes/clientes nessa busca de melhora da aparência e bem-estar, geralmente o fazem de forma desenfreada e negligente com a própria saúde. Mas o bom é que existe, em sua maioria, um nicho de profissionais dentro da área, no qual eu acredito e faço parte, que defendem e buscam cada vez mais uma estética séria, responsável e científica, pois uma drenagem linfática executada de forma incorreta e sem devida atenção às contraindicações, pode trazer danos à saúde”, esclareceu Andiara Cândido.
A falsa médica alvo da ação da Polícia Civil vai responder por crimes de furto, exercício ilegal da medicina e lesão corporal. A investigação da 93ª DP durou seis meses até a deflagração da operação que resultou no cumprimento dos mandados de busca e apreensão na clínica médica que funcionava de forma clandestina no Aterrado.