Destino de diversos moradores de Volta Redonda e Barra Mansa, devido a proximidade e as opções de turismo de aventura, o pequeno município de Bom Jardim de Minas, ao invés do destaque quanto às suas belezas naturais, acabou figurando nos últimos dias no noticiário policial.
Uma operação inédita com 23 profissionais mulheres da Defensoria Pública da União, Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho e Emprego resgatou três trabalhadores em condições análogas à escravidão, no Sítio Serra Verde, em Bom Jardim. A ação, que aconteceu entre os dias 26 de fevereiro e 5 de março, foi organizada em alusão ao Dia Internacional da Mulher, celebrado na última quarta-feira (dia 8).
Os trabalhadores encontrados estavam em condições precárias de moradia e alimentação, recebendo entre R$ 400 e R$ 500 por mês. A situação era tão grave que um deles ganhava apenas R$ 100 por mês, em virtude de dívidas contraídas para a construção de sua casa.
A defensora pública federal Miriam Marsiglia atuou na operação e sentiu a diferença quando a equipe foi composta apenas por mulheres. “A importância dessa ação é indiscutível, num mundo ainda tão machista. Uma das maiores características que notei na operação foi a sororidade. Ficou muito claro o respeito e a admiração mútuos decorrentes do gênero. Éramos todas mulheres, servidoras públicas empoderadas no exercício de suas funções públicas: policiais federais, auditoras fiscais, motoristas, defensora pública federal e procuradora do trabalho”, conta.
Durante a ação, foram celebrados dois Termos de Ajustamento de Condutas. “Um para que sejam tomadas as providências necessárias para que a propriedade de um terreno comprado por um dos trabalhadores seja validada e averbada e outra para que, dentre várias outras cláusulas, seja pago o valor de R$ 5 mil a cada um dos empregados por danos morais individuais”, explicou a defensora Miriam Marsiglia.
Miriam conta, ainda, que o cálculo efetuado durante a força-tarefa define que os trabalhadores devem receber R$ 177 mil de verbas salariais rescisórias do período trabalhado. “No entanto, considerando a capacidade financeira da empregadora e por se tratar de imóvel rural não produtivo, a DPU está tentando acordo para pagamento das verbas”, ressalta.