O trecho da Rodovia Presidente Dutra sob a jurisdição da 7ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou números preocupantes de acidentes em 2024. Entre janeiro e outubro, o comparativo com o mesmo período de 2023 apontou um aumento de 10,5% no total de ocorrências com vítimas: foram 379 este ano contra 343 no anterior. A quantidade de feridos também cresceu expressivamente, saltando de 375 para 465, um aumento de 24%.

O cenário é ainda mais grave ao considerar os dados de novembro, até o dia 18. Em 2024, o número de acidentes já chega a 407, contra 360 registrados no mesmo período de 2023. O número de feridos também é maior: 506 este ano, contra 398 no ano passado. A única leve estabilidade está no total de mortes: 25 entre janeiro e outubro de ambos os anos, com dois registros adicionais em 2024 até o momento, elevando o total a 27.

Trecho da Dutra concentra maioria dos casos

A 7ª DEL PRF cobre um trecho crítico da Dutra, que vai do início da Serra das Araras, no Km 224, até a divisa com São Paulo, no Km 339, em Engenheiro Passos. Este segmento, caracterizado por alto fluxo de veículos e diversas áreas de risco, responde por mais de 90% das ocorrências registradas. Outras rodovias, como a BR-354 e a BR-393, representam uma pequena fração das demandas.

Os dados incluem apenas acidentes com vítimas feridas ou fatais, ou casos considerados graves, como situações envolvendo embriaguez ao volante, motoristas sem habilitação ou incêndios com grandes danos materiais. Ocorrências de menor gravidade são tratadas diretamente pelos envolvidos por meio da Declaração de Acidente de Trânsito (DAT) no site da PRF.

Impacto no trânsito

O aumento dos números expõe falhas na segurança viária, agravadas por práticas perigosas, como excesso de velocidade e direção imprudente. O crescimento no número de feridos – 131 a mais em novembro de 2024 em relação a 2023 – destaca a gravidade das colisões. Além disso, a repetição de mortes, mesmo com a intensificação de campanhas educativas e fiscalizações, reforça a necessidade de medidas mais eficazes para a redução da violência no trânsito.

O que está sendo feito?

A PRF intensificou ações de fiscalização e campanhas educativas, mas os números indicam que ainda há desafios significativos para reduzir os acidentes e proteger vidas. O policial rodoviário federal Carlos André Nogueira Fernandes destacou que as ações preventivas são fundamentais para a segurança no trânsito, mas enfatizou que o fator humano é determinante.

“50% do problema tentamos solucionar por meio de fiscalização, campanhas educativas, medidas de segurança viária e readequação de pontos críticos; os outros 50% dependem exclusivamente dos motoristas, que precisam se conscientizar para transitar com segurança, respeitando a sinalização e a legislação”, afirmou. Ele lembrou a importância do uso do cinto de segurança, do limite de velocidade e da manutenção dos veículos, como pneus e freios.

Segundo Nogueira, a conscientização dos pedestres também é essencial, especialmente para evitar travessias fora de locais seguros, além de abordar a questão dos andarilhos, que frequentemente enfrentam desafios relacionados à saúde mental. O policial citou um caso recente em que um acidente ocorreu devido ao mau estado dos pneus de um veículo em uma pista molhada durante chuva intensa. “Foi uma receita para a tragédia, mas, graças a Deus, o condutor sofreu apenas um ferimento leve no pé”, completou.

Serra das Araras

A Serra das Araras, um dos trechos mais desafiadores da Dutra, tem registrado acidentes quase que semanalmente. Tombamentos, colisões e engavetamentos são constantes, muitos deles resultando em vítimas fatais. Um dos episódios mais marcantes deste ano ocorreu em 21 de setembro, quando um ônibus do Coritiba Crocodiles, time de futebol americano de Curitiba, tombou na pista sentido Rio de Janeiro. O trágico acidente tirou a vida de três jogadores e deixou outros 11 atletas feridos.

Além das tragédias, a Serra das Araras enfrenta outro problema grave: os saques de carga, prática que ocorre frequentemente após acidentes. Segundo o Código Penal, o saque de carga é considerado furto, e aqueles que compram ou revendem os produtos furtados cometem o crime de receptação. Essas ações não apenas agravam as consequências dos acidentes, mas também refletem uma questão social e de segurança que exige atenção das autoridades.

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