O Colégio Estadual Barão de Mauá, no bairro Jardim Paraíba, em Volta Redonda, enfrenta uma situação preocupante que envolve denúncias de assédio moral e ameaças feitas por um pai de aluna. Segundo relatos detalhados do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe-VR), o homem, cuja identidade não foi divulgada, tem adotado um comportamento considerado agressivo e intimidador, causando temor entre os funcionários, professores e alunos da instituição.
Maria da Conceição Ferreira Nunes, diretora financeira do Sepe-VR, explicou que o pai em questão tem realizado visitas frequentes à escola, fazendo exigências e apresentando comportamentos considerados inapropriados. “Ele questionava a equipe diretiva sobre carga horária de servidores, quantidade de funcionários por setor e até a organização pedagógica. Chegou a afirmar que os alunos eram ”medíocres” e criticou diretamente a atuação dos profissionais, insinuando que eles não estavam acostumados com pais ”questionadores” como ele”, relatou Maria da Conceição.
O homem também teria solicitado o conteúdo programático de todas as disciplinas, alegando que verificaria se os professores estavam cumprindo suas responsabilidades. Em outra ocasião, ele enviou uma mensagem à diretora, ameaçando um professor de física: “Vou ensinar a ele como tratar meus filhos”.
Para o Sepe, essas atitudes configuram assédio moral e ameaças graves. “Além de intimidar os profissionais, ele também dirigiu palavras ameaçadoras à porteira, chamando-a de ‘carcereira’ e apontando o dedo no rosto dela. É um comportamento que claramente visa acuá-los e amedrontá-los”, destacou a representante do Sindicato. A entidade acionou seu corpo jurídico para garantir a segurança da comunidade escolar e orientou os profissionais sobre as ações legais cabíveis.”Emitimos uma carta de repúdio e estamos exigindo que a Secretaria de Estado de Educação tome as medidas necessárias para preservar a integridade dos trabalhadores e alunos”, completou Maria da Conceição.
Além disso, o Sepe está cobrando a Regional Sul Fluminense por suporte psicológico e social para os profissionais e alunos impactados. “Nosso papel é proteger os direitos dos profissionais de educação e garantir um ambiente escolar saudável. Estamos acompanhando todas as etapas do processo junto à Regional e disponibilizamos nossos advogados para tomar as medidas judiciais cabíveis”, declarou.
Ação da secretaria de Educação
Em nota enviada à Folha do Aço, a secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informou que está acompanhando a situação e instaurou um processo interno de averiguação. “O caso foi comunicado ao Conselho Tutelar e um Boletim de Ocorrência foi registrado. Todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para garantir a segurança de alunos, professores e demais servidores”, afirmou a pasta.
A Seeduc reafirmou sua posição contra qualquer forma de agressão, violência ou discriminação e ressaltou a importância de promover uma cultura de paz nas escolas. “Desenvolvemos ações pedagógicas de conscientização, escuta ativa e diálogo com os alunos, buscando sempre manter um ambiente seguro e acolhedor dentro e fora das escolas”, afirmou o comunicado.
A Secretaria também enfatizou a importância da participação dos pais na vida escolar, mas destacou que esse envolvimento deve ocorrer de forma respeitosa. “A participação dos pais e responsáveis é crucial para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, mas deve ser conduzida com cordialidade e respeito”, pontuou a Seeduc.
Medidas legais e proteção
O caso expõe um problema recorrente em algumas escolas públicas: a necessidade de equilibrar a participação dos responsáveis com o respeito à autoridade dos profissionais de educação. A psicopedagoga Leondina Zanut ressalta que a participação dos pais no ambiente escolar é essencial para o desenvolvimento educacional das crianças, mas destaca que essa interação deve ser pautada pelo respeito e pela colaboração.
“É fundamental que os responsáveis compreendam a importância de um diálogo construtivo com a equipe escolar, evitando atitudes que possam gerar intimidação ou desrespeito. O ambiente escolar deve ser um espaço de aprendizado e segurança, e quando o equilíbrio entre participação e respeito é rompido, não apenas os profissionais, mas também os próprios alunos são prejudicados”, afirma Leondina.
A profissional enfatiza que a construção de uma parceria saudável entre escola e família é o caminho mais eficaz para garantir uma educação de qualidade e um ambiente harmonioso que respeite as regras do regimento escolar.