Representantes do Instituto do Câncer do Ceará (ICC) anunciaram a assinatura de um contrato com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) para operar o Hospital das Clínicas, na Vila Santa Cecília, em Volta Redonda. O acordo celebrado na segunda-feira (dia 20) tem previsão de que, em 30 dias, seja feita a transição da atual gestão, comandada pelos médicos do antigo Vita depois da intervenção judicial que indicou um administrador para a unidade.
Todavia, as coisas podem não ser tão simples como anunciadas pelos dirigentes do ICC, uma instituição filantrópica. Advogados consultados pela Folha do Aço observaram que a CSN fez acordo com os médicos do antigo Vita com duração de três meses. Passaram-se 17 meses desde então. “Agora o HC só deixa o imóvel se fizerem um novo acordo ou se a CSN entrar com uma nova ação de despejo”, pontuou uma fonte.
Existe mais um ponto que, segundo o especialista, precisa ser observado nesta disputa jurídica envolvendo três partes. “Como é hospital, não pode ser despejado com menos de seis meses. E isso aconteceria apenas se os gestores do Hospital das Clínicas não estivessem pagando aluguel, mas estão em dia”, salientou.
Disputa
O primeiro sinal de que a definição da administração do antigo Hospital da CSN caminharia para uma batalha na esfera judicial foi dado imediatamente após o anúncio do ICC. Em nota distribuída internamente aos colaboradores, a atual direção da unidade lembra que o Hospital das Clínicas iniciou suas atividades em 1º de julho de 2018, tendo a sua missão determinada pela Justiça.
O comunicado acrescenta que o novo acordo firmado pela CSN “em nada muda o nosso dia a dia”. Os administradores do HC garantem que continuarão “a conduzir o hospital com a mesma seriedade e serenidade dos últimos 17 meses”. E acrescenta: “Vamos aguardar o posicionamento da Justiça”.
Apressados, os diretores do ICC se reuniram com o prefeito Samuca Silva (PSDB) e o secretário municipal de Saúde, Alfredo Peixoto, para “apresentar projetos da iniciativa privada para a área de saúde da região”. No encontro, realizado na quinta-feira (dia 23) no Palácio 17 de Julho, foi detalhado que, além da assistência em saúde, a nova gestão pretende investir “em inovação tecnológica e educação”. Além de manter a gama atual de atendimento, a nova administração projeta “ampliar o foco e o potencial da instituição”.
O CEO do ICC, Pedro Meneleu, apresentou ao prefeito a administradora Juliana Vieira, que será a gestora do hospital em Volta Redonda.
A posição dos atuais administradores do HC, no entanto, pode retardar os planos do instituto cearense. Há cheiro de batalha jurídica no ar.