A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-VR), a Associação Comercial, Industrial e Agropastoril (Aciap-VR), Sindicato do Comércio Varejista (Sicomércio-VR) e o Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria (Sipacon), aprovaram na sexta-feira (dia 27), uma proposta em conjunto enviada à Prefeitura de Volta Redonda, solicitando uma saída urgente para reabertura do comércio. A proposta será discutida ainda com a Procuradoria-Geral do Município e o Ministério Público Estadual.
As classes empresariais propõe que se estabeleça uma data num curto prazo de tempo para que o comércio, que vem sentido os efeitos desse fechamento, com mais de 1.759 demissões em apenas dez dias, possa voltar a funcionar. A proposta enviada para o funcionamento conta ainda com as contrapartidas para garantir o protocolo de saúde para redução dos riscos de contágio.
No documento, as entidades se comprometem ao prefeito Samuca Silva (PSC) comprar de materiais que serão doados para o Hospital de Campanha, que está sendo montado no estádio Raulino de Oliveira. O total a ser investido será de R$ 66.712,80, divididos da seguinte forma R$ 41.712,80 doados pela CDL-VR; R$ 15 mil Rede Royal; e R$ 10 mil pelo Café Faraó Favorito.
“As entidades reforçam que se as medidas preventivas que vêm sendo adotadas por decretos se mantiverem por um longo período, o risco do fechamento definitivo, principalmente, de pequenas e microempresas é eminente, causando o declínio econômico da nossa cidade, deixando muitas famílias sem trabalho”, destaca um dos trechos da carta encaminhada na sexta-feira (dia 27) ao Palácio 17 de Julho.
As entidades salientaram ainda que reconhecem a importância da prevenção, por isso, se comprometem ainda em recomendar que as medidas de saúde continuem sendo reforçadas nos estabelecimentos, visando proteger a saúde da população em geral e os empregos.
O prefeito Samuca Silva disse que estudará as propostas dos empresários em conjunto com a ProcuradoriaGeral do Município e o Ministério Público, autor de recomendações para evitar aglomerações, inclusive com o fechamento dos shoppings e centros comerciais da cidade, entre outros.
Dentro do Plano Municipal de Contingência de Enfrentamento ao Coronavírus, o Palácio 17 de Julho já havia anunciado algumas iniciativas. Uma delas a suspensão, pelo período de 30 dias, do corte da água a consumidores que estiverem com pagamento de contas atrasadas com o Saae. Também foi prorrogado o prazo de pagamento das contas de água.
Por meio de decreto, Samuca autorizou ainda a prorrogação por 30 dias do prazo para pagamento de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e do ISS (Imposto Sobre Serviços); e da parcela de mensalidade de contratos da Cohab (Companhia de Habitação).
Veja as propostas dos empresários:
– Definir um prazo urgente para a abertura do comércio em geral, seguindo as normas de higienização conforme diretrizes do Ministério da Saúde, levando em consideração o grande número de trabalhadores afetados com demissões num curto período de dez dias, que já ultrapassam 1.700 demitidos;
– Manter fechados estabelecimentos que estimulem a aglomeração como cinemas, casas de show, teatros, casas de festas, boates e congêneres;
– Aumento da segurança policial (Guarda Municipal e Polícia Militar) nas ruas;
– Horário especial para atendimento ao idoso;
– Shoppings abertos com limite de metragem (10 metros quadrados) por consumidor, o mesmo para lojas que funcionem externamente no shopping e grandes redes;
– Manter limitação já definida para restaurantes, com metragem por consumidor;
– Manter afastados idosos, gestantes e funcionários que fazem parte do grupo de risco, com trabalho em home office ou em compensação dessas folgas;
– Estimular a carona solidária;
– Funcionamento dos estabelecimentos comerciais limitando a um cliente no interior a cada dez metros quadrados;
– Proibir reuniões de pessoas de fora na cidade, priorizando as videoconferências;
– Ter álcool em gel nos estabelecimentos comerciais para funcionários e clientes, se disponível no mercado.
Impostos
– Suspensão da cobrança por serviços municipais e impostos municipais, bem como demais taxas municipais pelo prazo de 120 dias ou enquanto durar a pandemia.
Contrapartida das entidades
– As entidades também se propõem a fazer uma campanha publicitária na internet, rádio e tevês de conscientização nas mídias sobe a importância de se cumprir as medidas de segurança em saúde, com a higienização dos ambientes empresariais, principalmente, das superfícies de contato: portas, maçanetas, vitrines e balcão, seguindo o protocolo de desinfecção;
– Desinfecção das calçadas com equipamento da prefeitura e doação do cloro pelo comércio;
– Doação de R$ 66.712,80 para a compra de materiais para o Hospital de Campanha, que está sendo instalado no Estádio Raulino de Oliveira, conforme orçamento apresentado pelo Município de Volta Redonda.
Confira a opinião das pessoas nas ruas sobre o fechamento do comércio:
Anderson Lopes, 45 anos, desempregado, morador do bairro Casa de Pedra
“Não sou muito favorável [ao fechamento]. Se ficarmos muito tempo parados, infelizmente, muitas pessoas serão demitidas, por isso não sou favorável, ainda mais pela situação de desemprego em que nosso país vive.”
Sebastião Sérgio do Nascimento, 70 anos, São Lucas
“Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Essa é a situação que estamos passando. Se a pessoa fica sem trabalhar, não paga as contas. Se não fica em casa, corre o risco de ficar doente. Não temos muitas alternativas. A situação é complicada.”
Bruno Sampaio, 38 anos, metalúrgico, Vila Rica/Tiradentes
“A gente tem que ver os dois lados. Se formos analisar o lado dos grandes empresários, eles não vão ser prejudicados. Mas, olhando o lado dos autônomos, já vemos muitos deles sendo obrigados a abrir suas lojas, pois estão sem dinheiro. Também temos que ver a questão da saúde. O ideal, por mais difícil que possa ser, seria buscar um acordo, de forma que o comércio possa funcionar e a prevenção continuar.”
Cuidadora de idosos, de 67 anos, que pediu para não ser identificada, moradora do Aterrado,
“No início eu fui a favor, agora minha opinião mudou. O Brasil está parado, e isso vem prejudicando muita gente. Nós que somos do grupo de risco, conseguimos ficar em casa, mas acho que para as pessoas que não correm risco, voltar a trabalhar não custa nada.”