A pandemia da Covid-19 tem afetado significativamente a saúde mental das pessoas. Um dos dados que comprovam este fator é o aumento de cerca de 30% na procura por atendimento psicológico na rede pública de saúde de Barra Mansa. Mas, segundo a coordenadora do Caps (Centro de Atenção Psicossocial), Maria Elvira da Cunha, esse percentual pode não refletir a realidade.
“Existem aquelas pessoas que por algum motivo não procuram ajuda ou só o fazem quando chegam ao seu limite de fragilização e outras que têm acesso a rede particular de saúde”, disse a coordenadora, enfatizando que também houve aumento no uso de álcool e outras drogas desde o início da pandemia.
Elvira relata que a pandemia tem desencadeado o medo e a angústia da perda de familiares e amigos. “Em algumas pessoas esse sentimento tende a ser mais acentuado. Existem ainda, aqueles que já sofreram com a morte de um ente querido e temem pela saúde de quem era do círculo de convivência. Neste cenário, nosso trabalho visa a reestruturação emocional do paciente e o realce das medidas de prevenção, individual e coletiva, como o uso de máscara de proteção facial e o distanciamento social, além dos cuidados de higiene necessários com o local de moradia exigidos pelo momento”, afirmou.
Outra questão fundamental trabalhada pelos psicólogos do município diz respeito ao ressignificado do luto. “O coronavírus impede a despedida dos familiares ao paciente ainda hospitalizado e do corpo, após o óbito. Não há velório. É uma grande transformação na cultura do povo brasileiro, que está habituado inclusive a esperar pelo parente que vem de outra região para se despedir da pessoa falecida. Esta é a parte mais complexa desse processo. Para isso, nossa rede conta com três dispositivos de atendimento à saúde mental, além das unidades de saúde dos bairros”.
Os pacientes adultos graves com sintomas de ansiedade ou depressão são atendidos pelo Caps, através da Estação Mental, na Rua Cristovão Leal, 43, Centro. Quem apresenta problemas com abuso de álcool e outras drogas é atendido no Espaço Reviver, na Rua Professor Pedro Vaz, 57, Centro.
Já o atendimento de crianças e adolescentes que apresentam transtornos mentais ou quadro de uso de drogas é feito no Capsi (Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil), na Rua Francisco Vilela, 337, Estamparia. As três unidades funcionam de segunda à sexta-feira, de 8 às 17 horas.
Os casos considerados não graves recebem atendimento psicológico nas unidades de saúde dos bairros com apoio de profissionais do Nasf (Núcleo de Apoio à Saúde da Família).
As consultas seguem rigorosamente os padrões de prevenção recomendados pelas autoridades sanitárias, com uso de álcool gel para higienização das mãos, máscaras e limpeza e desinfecção do consultório a cada atendimento.
Suporte
Para garantir o suporte emocional necessário aos profissionais que atuam na linha de frente do atendimento psicológico têm sido realizadas capacitações, reuniões de discussão de casos, além do fortalecimento da construção de relações de apoio entre as equipes.
“Todos nós temos vividos situações de medo e angústia provocadas pela ameaça do coronavírus, por isto é fundamental que estejamos unidos para nos fortalecemos mutuamente e, com isso, garantir atendimento digno e humano as pessoas que se encontram fragilizadas”, concluiu Elvira. Foto: Divulgação